Ela ia só por uma estrada dentro dela mesma. Não dividia sonhos, não dividia o sol que a banhava.
Ia só numa procura que significava busca, encontro e constatação.
Era uma mulher onde os porquês viviam a fazer eco.
No alto de uma montanha ela apreciava o vale e nele vozes gritavam.
Vozes antigas, de um tempo morto.
Maria Helena não sabia se aquele momento existira de fato. Se o real confundia-se ao imaterial.
Ela guardava dentro de si um mundo de perspectivas.
As esperanças a elevavam. Com suas asas ela alcançava os lugares que a memória guardava, mas lá chegando ela descobria que tudo havia se modificado. Até no passado tudo havia se alterado.
Que lembranças eram aquelas então? Como se modifica o que já foi?
Tudo ilusão? Ela se perguntava aflita.
Não. Havia guardado um mundo dentro de si e ele estava intocado.
As asas não o alcançavam, porque estavam muito frágeis. Ia até um determinado ponto e sabia que existia algo que ficara guardado muito além de onde ela podia chegar.
Mas seu coração de garça triste sabia que existia e que o vóo se tornaria mais ousado um dia.
Havia algo que a impedia de alcançar o que buscava, mas aos poucos ela descobria que haveria um tempo novo. O tempo das asas de águia. Um vóo além da imaginação.
Um mergulho fundo dentro do próprio coração.