Agora eles voltam a desfiar suas lamentações, os políticos do leste alemão. Nas próximas semanas, estarão prontas as estatísticas sobre atos criminosos praticados por extremistas de direita no ano 2000: elas são ruins para o país inteiro e especialmente ruins para o leste. Mas os pais da pátria, entre Schwerin e Dresden, protestam: Os "nossos" não são mais de direita do que os do oeste.
A única coisa certa nessa lamúria é que as estatísticas não fornecem um quadro confiável. O que por muito tempo foi deixado de lado como histeria de esquerda, nesse meio tempo a própria BKA o admite: Os dados procedentes dos estados da união foram falseados para baixo. Cada qual inclui na conta o que bem entende. Novos critérios de aferição, e que sejam unitários para todo o território nacional, se fazem urgentemente necessários (nesta mesma edição, uma entrevista sobre o tema). Mas o que realmente é perigoso no extremismo de direita do leste não pode ser captado em números. Em muitas localidades, eles exercem o poder sem necessidade, ainda, de fazer uso da força. Sua presença representa, muitas vezes, uma ameaça suficiente.
No leste, o extremismo de direita não é um fenômeno de grupos marginais. Deixou de ser uma subcultura, para dominar, em muitas aldeias e cidades pequenas, a cena jovem. Racismo e antissemitismo fazem parte do bom tom. As pessoas se xingam de "negro" e, quando alguma coisa é muito miserável, a palavra é "coisa de judeu". Música nazista é massa, os jovens em seus coturnos são chic. No Guben brandenburguense, o pessoal do hip-hop é espancado por jovens nazistas, enquanto a comissão principal do Conselho Municipal deciciu desmontar a lápide em memória de um algeriano caçado até a morte por direitistas e instalá-la em outra parte, porque, no local do crime, ela é recorrentemente conspurcada.
Racismo e posturas de direita são muito mais disseminados no leste do que no oeste. Os praticantes da violência possuem um faro fino e reagem: Um ataque tipicamente alemão-ocidental acontece secreta e veladamente - uma bomba incendiária voa para cima de um asilo de velhinhos na periferia. Um ataque típico dos alemães do leste, ao contrário, é aberto e público - um africano é violentamente espancado no hall de entrada da estação de trem. Quem diz que o extremismo de direita é um problema do povo alemão como um todo, está negando as particularidades em jogo e não pode mais reagir de maneira adequado.
No oeste, impera na opinião pública um clima consensualmente contrário ao extremismo de direita. No leste, dominam a indiferença e o medo. Mais recentemente, no entanto, nos novos estados se criaram iniciativas civis contra a direita, que cobrem todo o espectro das suas manifestações. Com urgência, elas carecem de reconhecimento público e apoio financeiro. Para isso deveria servir também o Xenos-Programm, programa voltado para a questão do estrangeiro, que o governo federal anunciou energicamente no ano passado, com pequenos projetos devendo ser especialmente estimulados e incentivos de até 10 000 euro, liberados sem maiores complicações. Idéia muito boa, mas exatamente esta parte do programa aguarda por enquanto na geladeira.