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Artigos-->Não queremos mártires - Boff -- 02/09/2002 - 14:06 (Quixote de La Mancha) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Não queremos mártires



Leonardo Boff



[30 Agosto 03h37min]





Na véspera do Natal de 1988 no Acre, Chico Mendes foi

vítima da sanha dos inimigos da natureza e da

humanidade. Foi assassinado com cinco balas. Deixou a

vida amazônica para entrar na história universal e no

inconsciente coletivo dos que amam nosso planeta vivo

e sua imensa biodiversidade. Homem marcado para

morrer, recebeu proteção mínima por parte das

autoridades oficiais.



Agora, nos confrontamos com outro homem marcado para

morrer: o governador Jorge Viana do mesmo Acre de

Chico Mendes. Então, era o latifúndio selvagem que

ameaçava. Agora, somam-se o crime organizado e o

narcotráfico. Armou-se uma artimanha

político-judicial-criminal para viabilizar o crime, já

há muito denunciado.



O primeiro passo foi buscar sua eliminação política do

governador. Criou-se o pretexto de crime eleitoral. E

vejam que crime: ostentar uma miniatura de

castanheira, árvore soberba da selva acreana, símbolo

de seu governo e da florestania, vale dizer, da

cidadania do homem na floresta, extraindo benefícios

dela sem depredar sua esplêndida riqueza. E não bastou

àqueles juízes cassar-lhe a candidatura. Sua vontade

eliminatória se excedeu a ponto de pretender torná-lo

inelegível por três anos.



Assim, o caminho está aberto para o esquema criminoso

vicejar como antes, na proximidade do poder,

especialmente com o apoio do deputado cassado

Hildebrando Pascoal, Al Capone de fundo de mato,

conhecido por mandar serrar com motossera seus

desafetos, e que da prisão controla o crime organizado

no Estado.



Se não conseguirem a eliminação política, partirão,

certamente, para a eliminação física de Jorge Viana. E

não se imagine que a mente criminosa sinta qualquer

constrangimento diante da opinião pública, do poder

oficial ou de eventuais esquemas de segurança à pessoa

do governador. A história do crime no Acre e em outros

Estados revela ousadia assassina. Os criminosos contam

com a cumplicidade dos setores políticos interessados:

perpretam a desgraça e somem incólumes. E se presos,

estão seguros da fuga acobertada e fácil.



A nação brasileira não pode aceitar essa lógica de

facínoras. O Estado existe para impedir que lobos

prevaleçam. Temos o direito de exigir o direito do

direito. Que se faça auditoria na Justiça local para

identificar possíveis conluios com o crime e não se

exclua uma intervenção federal. Sobre o solo

brasileiro, no campo e nas cidades, já corre sangue

demais. Não queremos mártires para a exaltação da

posteridade. Queremos vivas pessoas como Jorge Viana

que, de peito aberto, armado só com a lei e a fé

libertadora, enfrentou o crime organizado em seu

próprio arraial, enviando mais de 20 criminosos para

prisão.



Meu irmão Jorge, prossiga na construção da política

como cuidado para com o povo acreano. A jovialidade

que você irradia já criou uma aura benfazeja em todo o

Estado. Confiemos na Justiça. Mas façamos nossas as

palavras do salmista: Digna-te, ó Deus, libertar o

Jorge! Apressa-te, Senhor, em socorrê-lo! Sejam

humilhados e cobertos de vergonha os que atentam

contra a sua vida. Recuem, cobertos de opróbrio, os

que lhe desejam a desgraça (Salmo 70,2-3).



Leonardo Boff é teólogo e escritor

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