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Cartas-->TENTATIVA DE ENTENDER O MUNDO -- 12/06/2003 - 22:12 (Marco Aurélio Bocaccio Piscitelli) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Porto Alegre/Brasília, 10 de junho do lll Milênio.


Mano de Elucubrações,

Sabes, às vezes, esforço-me em entender o mundo, mas ele me parece absolutamente inapreensível. A propósito da entrevista que enviaste com o Fernandinho Beira-Mar, como presidente do Brasil, descobri que quem a engendrou é genial, e talvez nem desconfie disso. Penso que o assim chamado bandido deveria ser convocado para dar aulas de gangsterismo nas escolas de 1.º, 2º, 3.º graus e pós-graduações, para que não nos sentíssemos assim tão idiotas com o que aprendemos até aqui. Hoje, por exemplo, descobri que a casa que pretendo comprar, para virar a página infernal dos condomínios, é cercada de muros que são só meus dos três lados - direito, esquerdo e fundos. Inacreditável! Todos necessitam de reparos urgentes, que beneficiam ambos os lados, tanto do ponto de vista estético quanto no que se refere ao aspecto de conservação. O estado observado recomenda tratamento do reboco “apodrecido”, colocação de pingadeiras, pintura e remoção de hera mais trepadeiras, de modo a evitar que a situação hoje existente torne-se recorrente logo adiante, pela ação das chuvas e da umidade. Dei as boas-vindas para os meus caríssimos novos vizinhos (em vez de recebê-las), e solicitei, com delicadeza, o compartilhamento do serviço. Todos me responderam, em uníssono, que o problema e a responsabilidade eram exclusivamente meus. Imagines só se eu retirasse todos esses supostos meus muros. Pelo que me informam esses vizinhos de fronteira, só eu ficaria sem muros. Aí fui entender por que a vida das pessoas é tão atribulada e estressante. 98% das nossas atividades cotidianas são para resolver aporrinhações que nos são geradas pelos OUTROS. Por isso, ninguém tem tempo para mais nada. Pude também entender por que o mundo se tornou tão violento. O desrespeito ao direito alheio transformou-se em ato tão banal e inocente, que todos o praticam com a maior naturalidade e desfaçatez, ignorando qualquer reconhecimento de LIMITES, o mesmo que ocorre com a formação das crianças modernas. Quando não há noção ou reconhecimento de limites, todos ficam entregues à desorientação, e buscam algum anteparo, algum balizamento na criação de seu próprio Direito, fustigando o perigo com vara curta. Afinal, o muro pode e deve cair, protagonizando uma tragédia, que, como toda tragédia, também não conhece limites. É a barbárie reassumindo o lugar que um dia foi da civilização. Algo mais ou menos semelhante ao que ocorre com o adolescente sem contornos, que entra na delinqüência no afã de descobrir até onde pode ir. Nestes momentos, lamento não ser Presidente da República ou titular de uma disciplina universitária para berrar e ousar ser ouvido.
Hoje era isto. Amanhã, certamente, haverá mais.

Tchau.

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