Já repararam como, hoje em dia, todo mundo virou igrejeiro? Como todo mundo, inclusive os canalhas, acredita em Deus? Em outras palavras, já não se geram ateus como antigamente.
Num dos filmes da "fase nojenta" do Pedro Almodóvar [a classificação é da própria mãe do cineasta], a atriz famosa retorna do Japão, onde "só podia andar atrás de algum fotógrafo", e encontra a filha, que ficara aos cuidados de um transsexual muito da igrejeira (Marisa Paredes), entregue ao vício da devoção irrefreável. Por dá cá aquela palha, a menina já se punha em linha direta com o Criador. Diante de um desses êxtases, a mãe, incrédula, pergunta: "Que es esto? Te olvidaste que somos ateas?"
Pois então, hoje em dia é fundamental acreditar em Deus. Quer dizer, é fundamental afirmar acreditar em Deus sobre todas as coisas. Para fazê-lo, como diria minha tia Dete, tem de fazer aquela cara de cachorro que peidou na igreja. Funciona. Resta saber se o bom Deus mesmo vai se deixar levar por essas micagens.
Dia desses, li que o purgatório foi inventado num momento em que a Igreja Católica Apostólica Romana precisava fazer caixa. Essa gente não tem mesmo temor de Deus. E o Frei Betto andou pisando no tomate ao atacar a ação do nosso herói Vieira de Mello em Timor Leste. Quem levantou a lebre foi o Luiz Nassif. Fedeu. É por isso que, no dizer da minha amiga da banca da rodoviária, acontece tantas castrofe por aí.
Orate, fratres.
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