Uma de peito estufado, dona de si, ela olhava tanto pra cima que jamais percebeu que suas penas já estavam gastas seus pés já estavam cansados.
A outra: olhava pra frente, apenas pra frente, não olhava a paisagem ao lado, nunca olhava o que havia ao seu lado.
Sempre pra frente, pois se sentia protegida, sentia-se segura.
Não conseguia perceber que sua vida estava condenada a ir sempre pra frente mesmo em muitas noites que ela ficava sozinha.
Um dia as duas se encontraram, no mesmo ninho.
A que olhava pra cima começou a olhar para o lado para baixo e viu que não era imune a todos os sentimentos que a vida lhe propiciava. Viu suas penas gastas viu seus pés cansados.
A que olhava para frente, pra estabilidade e segurança tb viu que sua vida não era plena, viu que não era tão segura.
Viu que nos momentos que mais necessitava estava sozinha.
E as duas começaram a se olhar, e se apaixonaram profundamente. De tal maneira que a que olhava pra cima, não queria ser mais águia, queria ser uma fênix pra cuidar da sua companheira.
E antes mesmo de consultar se a que olhava pra frente gostaria de ser cuidada por ela.
Pulou.
Pulou do mais alto monte em direção ao chão.
Um vôo arrepiante. Lindo, mas ao mesmo tempo trágico.
Quando quase essa chegava ao chão suas penas se renovaram, seus pés estavam prontos para um novo futuro, para cuidar do seu amor.
Ela subiu, subiu.
Mais rápido que a luz.
Quando chegou ao ninho viu que estava sozinha. Viu que a que olhava pra frente continuou a olhar pra frente, se iludindo na sua segurança, na sua estabilidade.
A águia, agora fênix, sentou-se novamente no ninho e esperou.
Esperou pela águia que olhava reto. Esperou que ela percebesse que na vida segurança e estabilidade não esta em olhar para frente, mas esta em olhar pra quem se propõe a mudar tudo, a se renovar pra cuidar dela.
Marco Aurélio Jacob
A pergunta é:
Quem sofreu mais?
A aguia que pulou?
Ou a outra que não quiz o novo?
A que pulou sacrificou a si mesma par outrem.
A que seguiu sem mudanças se condenou a viver sem o novo, sem o verdadeiro amor.
