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Cordel-->1808 O PLANO - CAPÍTULO III -- 09/11/2009 - 21:13 (HENRIQUE CESAR PINHEIRO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
BASEADO NO LIVRO
MIL OITOCENTOS E OITO
DE LAURENTINO GOMES

CAPÍTULO III

O PLANO



I

Com invasão do país
Por tropas de Bonaparte
Príncipe, de Portugal,
Imediatamente parte.
Naquela fuga apressada
Esquece até obra de arte.

II

A mudança pro Brasil
Era uma ideia antiga,
Que dentro do império corria.
Sempre que surgia uma briga
Ameaçando independência
Voltava a velha cantiga.

III

Mesmo tendo inaugurado
A era navegações
Portugal nunca deixara
De ser das menores Nações.
Perder a independência;
Fugir eram as opções.

IV

Espremido por vizinhos
Que eram bem mais poderosos
Com alguma tecnologia
E exercícios numerosos.
Portugal ainda tinha
Povo e governo medrosos.

V

Sem braço e exército
Pra se defender na Europa
Faltava também nas colônias,
Pra defesa, uma boa tropa.
A fuga para o Brasil
A corte de imediato topa.

VI

Tudo porque na colônia
Havia muito mais riqueza
E para os portugueses
Era uma grande moleza
E aqui aumentavam muito
As suas chances de defesa

VII

Contra invasores do reino.
A fuga, opção natural,
Foi muito bem avaliada
Por aquela corte real.
Alvitre amadurecido
No palácio imperial.

VIII

No século dezenove
Portugal de nós dependia.
Cana-de-açúcar, fumo, ouro,
A base de sua economia.
Isso desde que Cabral
Aportara na Bahia.

IX

E desde aquela época
Que a dependência crescia.
No mesmo ritmo aumentavam
As ameaças á autonomia
Dum reino que a Europa
Inteira para si queria.

X

Depois do descobrimento,
Em mil quinhentos e oitenta,
O rei Felipe Segundo
Trono português ostenta.
Morte do rei português
É isso que sacramenta.

XI

Por desaparecimento
Em cruzada contra os mouros
O rei D.Sebastião
Perdeu o trono e o couro.
E para os espanhóis
Ficou um enorme tesouro.

XII

Nos sessenta anos seguintes
Portugal é governado
Pelo trono espanhol.
Começa ser estudado
Um projeto de mudança
Da corte pro outro lado.

XIII

Anos mais tarde de Paris
O embaixador escrevia
Um memorando secreto,
E para o rei ele dizia:
Portugal é uma orelha
De terra onde não se dormia

XIV

Em paz e em segurança.
E Cunha dava a solução
Mudar corte pro Brasil
Sob reinado de D.João,
Coroado imperador
Aqui faria anexação

XV

Da Argentina e do Chile,
Se a Espanha se apossasse
De Portugal e Algarves,
Assim resolvia o impasse.
Marquês de Pombal propôs
a D. José que tomasse

XVI

As medidas necessárias
Pra sua ida para o Brasil.
Em mil oitocentos e um
O antigo plano ressurgiu.
Porém só depois que a França
Reino português invadiu.

XVII

A existência desses planos
Fez a mudança dar certo.
Mostrando que o português
Nisso foi bastante esperto
Fazendo Napoleão
Ficar até boquiaberto.

XVIII

Como explicar o embarque
Da corte com suas alfaias,
Baixelas, seus quadros, livros,
E também todas as saias.
Portugal de tão moroso,
Que deixou coisas nas praias

XIX

Os meses antes da partida
Foram tensos e agitados.
Pois havia dois partidos:
Um queria o rei do outro lado;
O outro queria se compor
Com Napoleão e aliados.

XX

D.Rodrigo S.Coutinho
Era um bom estadista,
Com visão de longo prazo,
Que previa grande conquista
Pro reino de Portugal.
E muito antes já avista

XXI

Essa possibilidade.
Ao haver se aproximado
Da elite brasileira,
De quem se tornou aliado
E dela alguns estudantes
Pro estrangeiro ter mandado.

XXII

José Bonifácio foi
Um estudante escolhido.
O futuro Patriarca
Deste povo bem sofrido.
Em oitocentos e sete
Em Mafra havia se reunido

XXIII

Os conselheiros do rei
Pra discutir essa crise.
O conselho foi chamado
Para que ele analise
Os termos de Bonaparte
E que também avalize:

XXIV

O bloqueio continental;
A declaração de guerra;
A expulsão do embaixador,
Tudo isso contra Inglaterra.
Prender todos britânicos
Que se achem naquela terra.

XXV

Confiscar suas propriedades,
Tudo isso foi avaliado.
Por aquele alto conselho
Que ficou amedrontado,
Que não aprovou a prisão
Nem bem fosse confiscado.

XXVI

Uma carta foi escrita
E pra Paris despachada.
Tudo porém não passava
De jogada disfarçada
Enquanto com a Inglaterra
Era solução negociada.

XXVII

Entre a França e Inglaterra
Portugal era um marisco
Entre o rochedo e o mar.
E não passava de um cisco
Posto entre as duas nações
Num grande jogo de arrisco.

XXVIII

A guerra com a Inglaterra
Até seria declarada
Num jogo dissimulado
E não fosse atacada
A colônia e nem a frota
Portuguesa arrasada.

XXIX

Espremido entre as Nações,
Contavam os portugueses
Com uns transportes ruins
Pra enganar os franceses
E uma comunicação
Que demorava até meses.

XXX

Essa lentidão permitia
Que o rei de Portugal
Negociasse solução
Para o reino colonial
Mais honrosa e aceitável
Naquele jogo infernal.

XXXI

A reação de Bonaparte
Foi da forma que se previa
Aos termos português.
E ele de imediato exigia,
Comprimento da proposta
Ou derrabava a dinastia.

XXXII

No Palácio da Ajuda,
O conselho foi reunido,
No dia trinta de setembro
E ali ficou decidido
Mandar príncipe da Beira,
Que assim era conhecido,

XXXIII

Filho mais velho do rei.
Pro Brasil bem escondido
Que como Pedro Primeiro
Imperador seria ungido.
Mas decisão foi mudada
Todo reino transferido.

XXXIV

O embaixador em Londres
Informou a decisão.
E a Inglaterra resolveu
Em troca dar proteção
À viagem para o Rio
Se houvesse liberação

XXXV

De todo porto existente
Na colônia brasileira
Pra comercializar
Com qualquer nação estrangeira.
Pois somente Portugal
Explorava essa fronteira.

XXXVI

Enquanto D.João fazia
Acordo com os ingleses,
Alimentava seu jogo
Também com os franceses.
Proibiu entrar navios britânicos
Nos tais portos portugueses.

XXXVII

Ameaçou confiscar bens
De britânicos em Lisboa.
E disse ao francês que
Tudo estava numa boa.
A quem até mesmo mandou
Uns diamantes da coroa.

XXXVIII

E que alguma princesa
Da família de Napoleão
Se casasse com D. Pedro
Foi dada essa sugestão.
Dessa forma Bonaparte
Foi enganado por D.João.

XXXIX

Bonaparte outro recado
Logo mandou a Portugal
Aceitar minhas ordens
será por bem ou por mal,
Ou a dinastia Bragança
Logo terá seu final.

XL

A essa altura o francês
Os Pirineus já cruzava.
Nem a cadeia de montanha
Seu exército respeitava
Que pra terra portuguesa
Muito célere zarpava.

XLI

Os ingleses em Lisboa
Foram, por fim, pra prisão
E governo português
Fez outra negociação:
E pelos bens seqüestrados
Pagava indenização.

XLII

Em novembro a esquadra inglesa,
Pra proteger corte real,
Apareceu no Rio Tejo
pra embarcar todo o pessoal
Ou mandar Lisboa pro brejo.
Tinha essas ordens o oficial.

XLIII

Entre a França e a Espanha
Portugal foi dividido.
Pois aqueles dois governos
Já estavam convencidos
Que Portugal pela Inglaterra
Já havia se decidido.

XLIV

Jogo de cartas marcadas
Sem ter qualquer ilusão
Desfecho pra qualquer lado,
Tratou logo Napoleão,
Com Espanha de Portugal
Fazer uma divisão.

XLV

Tratado de Fontainebleau
Assinado pelos aliados.
Entre a França e a Espanha,
Portugal foi retalhado.
Entretanto, um pedaço
Do país foi rejeitado

XLVI

Pelo irmão de Bonaparte,
Que não queria Portugal,
Se dele não fosse parte
O império colonial.
A parte mais cobiçada
Daquela coroa real.

XLVII

Portugal foi invadido
Por cinqüenta mil soldados
Franceses e espanhóis.
Até podia ter ganhado.
Pois os soldados novatos
Não eram interessados

XLVIII

Na sorte do imperador.
Não tinha estrategista
No exército enviado,
A tropa se perdeu de vista
E já faltavam soldados,
Ao fazer uma revista.

XLIX

Dos soldados enviados
Muitos, sem ir a combate,
Morreram pelo caminho.
E pro grupo maior embate
Era pra encontrar comida
Ou esperar por resgate.

L

Os que entraram em Lisboa
Muitos sem roupa ou sapato
E estavam tão cansados
Que o povo levou aparato.
E o país foi conquistado
De um modo bem pacato.

HENRIQUE CÉSAR PINHEIRO
FORTALEZA, NOVEMBRO/2009.









































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