Beijo Roubado
Como pode compreender a razão maior do gesto,
Premeditado talvez, necessário sempre,
Como um felino, sem fôlego a perseguir
A caça desesperada por vida.
Palavras jogadas ao vento,
Como explicar, num momento de interrogação
O ímpeto da vontade de saciar-me,
Desejados lábios quentes.
Estático, vento nas árvores do recanto às duas,
Lergião em índios o som ao fundo, um canto,
Noite amena, convidativa, esperada,
Sem pedir, nem pensava em seduzir.
O toque, por vezes evitei, vejo os negros vigiar,
Naquele tormento um beijo doce roubei.
Pela vontade, platonicamente ansiava,
Não resisti as cores, esperar não me perguntei.
Respostas, não as terei, flores atraem abelhas...
Abelhas se deliciam néctar de flores,
Um dia vão murchar sem a cumplicidade de
Seu negro olhar de ira.
Ricardo Marques |