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Artigos-->O HERÓICO JORGE VIANA -- 27/08/2002 - 18:54 (Quixote de La Mancha) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Homem marcado para morrer



Dora Kramer, O Estado de S.Paulo e Jornal do Brasil



Considerando que o Tribunal Superior Eleitoral revogará – por absurda – a cassação da candidatura do governador Jorge Viana, determinada pela Justiça Eleitoral do Acre, a questão principal deixa de ser a decisão em si. O importante mesmo são suas circunstâncias e conseqüências.



Nelas é que o Brasil precisa prestar atenção, dado que nesse episódio o que está em jogo não é meramente uma candidatura nem uma disputa política. A decisão do TRE do Acre pôs a violência, o crime e o narcotráfico no centro da cena eleitoral.



O motivo mais urgente para que se estreite a vigilância sobre aquele Estado é o evidente e iminente perigo de vida que corre o governador. Esta ameaça nunca o abandonou ao longo dos quatro anos do primeiro mandato, mas agora agrava-se porque o narcotráfico – que lá elege deputados e, pelo visto, sustenta juízes – não parece disposto a suportar mais quatro anos de Jorge Viana no poder.



A quadrilha – cujo nome de maior expressão nacional é o deputado cassado, e agora preso, Hildebrando Pascoal – tentou tirá-lo do caminho com aquilo que o crime considera bons modos. Pela via torta, mas, de qualquer forma, judicial.



Não deu certo, bem como não dará pelo voto, já que a preferência do eleitorado pelo governador beira os 60%. Evidencia-se, pois, que a tentativa seguinte será mesmo pela força bruta.



A bandidalha que, eleita, já foi flagrada em gravações prometendo liberdade a Hildebrando, não se conformará facilmente em perder a oportunidade de voltar a dominar a política local e, desse modo, devolver ao Acre o ambiente de terra de ninguém que resultou no assassinato de Chico Mendes.



Eleito pelo PT em aliança com o PSDB, Jorge Viana desde o primeiro instante juntou esforços com o Ministério Público, buscou apoio em Brasília e, assim, conseguiu mandar para a prisão pelo menos 20 dos integrantes da turma de Hildebrando que, condenados pela Justiça, transitavam livres como cidadãos de bem e sob a proteção do Estado.



Toda a rede de ligações da organização criminosa que mata, rouba, tortura, trafica e seqüestra no Acre, obviamente, é inimiga de Jorge Viana. Alijada do centro de decisões do Estado com a eleição do petista, tenta agora voltar pelo caminho que resta: a política.



Para isso, é necessário tirar Jorge Viana do caminho. E só há duas maneiras: fraudando as eleições para o governo ou matando o candidato. Ditas assim, essas duas possibilidades podem soar exageradas a ouvidos mais civilizados.



Mas não são. Desviem-se os olhares um minuto sequer de lá, e poderemos todos nos arrepender por ignorar que o embate de forças políticas não tem como cenário único a eleição nacional nem são o dólar, os economistas ou os publicitários os protagonistas do Brasil real.



Evidentemente que importa – e muito – esquadrinhar todos os aspectos das vidas, das carreiras, das condutas e dos planos daqueles que pretendem dirigir a Nação. Mas o episódio da cassação da candidatura de Jorge Viana nos mostra o quanto é perigoso desdenhar do que se passa nas províncias.



No dia 23 de julho, há mais de um mês, portanto, Jorge Viana esteve em Brasília e alertou diversas pessoas – entre elas o presidente Fernando Henrique Cardoso – para o golpe que preparavam Hildebrando e seus asseclas.



Tão improvável pareceu a hipótese de o tribunal regional atender a um pedido de impugnação por motivo banal que o aviso soou a excesso de zelo por parte do governador.



Não era. Jorge Viana sabia do que estava falando. Agora que ele manifesta o temor de que seus inimigos partam para sua eliminação física pura e simples, urge que se lhe dêem ouvidos.



Não apenas garantindo a proteção pessoal – o que há tempos já é feito –, mas aprofundando o exame das circunstâncias que levaram o narcotráfico a uma vitória judicial. Se não bastar uma devassa na Justiça local, que se faça ali uma intervenção federal.



Cumpre lembrar que o bando que ora atua está executando um plano há quatro anos em gestação. Dificilmente essa gente será pega desprevenida e com certeza absoluta não se sensibilizará nem se intimidará com atos de protesto e gestos de solidariedade.



Se queremos homenageá-lo, que tenhamos a capacidade social, moral, política e institucional de mantê-lo vivo e pressionar os poderes constituídos a exibir ao País os autores do crime de lesa-candidatura.



Os executores já sabemos quem são, pois desmoralizaram-se publicamente. Faltam agora aparecer os mandantes. Cujos nomes talvez constem dos pedidos de registros de candidaturas aprovados pela Justiça Eleitoral do Acre.

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