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Contos-->Uma árvore sem Natal -- 31/12/2004 - 02:03 (Érica) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Era véspera de Natal e Jorge S. Agostini estava sozinho, pela primeira vez na vida. Seu pai tinha falecido quando ele recém saía da adolescência. Desde então viveu com sua mãe os próximos quarenta anos da sua vida. D. Helena era uma senhora animada, gostava de viver bem, tinha um dom extraordinário para receber pessoas. Fazia amizade no consultório do dentista, na aula de inglês, na praia... onde estivesse, curtia um papo. E se a pessoa tivesse mesmo afinidades com ela, já era convidada para um almoço, um chá, ela sabia armar qualquer motivo para um novo encontro.

Jorge S. Agostini formou-se em engenharia, encontrou trabalho, subiu na carreira. E não se casava. O aconchego na sua casa era tão bom, que ele não queria arriscar nenhum passo diferente daqueles dados entre o trabalho e a casa, a casa e as férias na praia. A rotina se quebrava muito de vez em quando, quando ele sumia por algumas horas, voltando de madrugada. Sua mãe fingia dormir e ele fingia que pensava que ela dormisse. E assim a vida transcorreu por quatro décadas, até que D. Helena S. Agostini faleceu. De repente, quando preparava um chá com bolo para algumas visitas. A empregada estava de costas, lavando as xícaras inglesas, enquanto D. Helena levava umas flores recém cortadas do jardim para um vaso que estava na mesa da cozinha. Não chegou até lá. Caiu e morreu. Parecia um quadro: as flores se esparramaram ao redor dela, em homenagem digna a uma mulher que tanto gostava das coisas bonitas da vida.

Jorge ficou só. Dispensou a empregada, só aceitou uma faxineira depois que uma comadre da mãe lhe indicou que poderia adoecer se deixasse o pó acumular-se nos móveis.

E chegou o primeiro Natal sem a mãe. Convites de amigos não faltaram -todos queriam fazer uma última homenagem à D. Helena, convidando Jorge a juntar-se a eles. Jorge não aceitou nenhum dos convites. Queria estar sozinho. Queria viver o Natal presente através das memórias de Natais passados.

Na volta do trabalho, parou numa esquina e comprou uma árvore natural. Um pequeno eucalipto, lindo, verde, cheiroso. Levou-o para a sala, enfiou-o num vaso seco, equilibrou o pinheirinho com bastante papel de jornal. Regou o papel...

Era a noite de Natal. Vizinhos cruzavam-se rapidamente pela calçada da casa do Jorge, enfiados em seus próprios problemas.

Ali estava Jorge, de pé, perto da janela de painéis grandes, olhando para fora da casa. A arvorezinha por trás dele, com algumas bolas coloridas, se iluminava pelos fachos dos faróis dos carros que passavam pela rua. Pouco a pouco as casas foram fechando suas portas, puxando as cortinas. Pessoas moviam-se, suas silhuetas transpareciam pelas janelas. Jorge, imóvel e pensativo, não arredava pé da janela.

Jorge e a árvore. Sem Natal.
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E.E.
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