Do Arnaldo Dias ao Arnaldo Antunes
Para Arnaldo Jabour e Arnold Schwarzenegger
“O microcosmo (o homem sob o ponto de vista alquímico)
resume-se na criação”, Nicolas Flamel.
Diz-se de Arnaldo, o nome,
Que é aquele que protege
Como uma águia que tome
Seu vôo do céu que a elege...
Há também quem diz Arnaldo
Como variante de Haroldo,
Assim se bandeiras desfraldo
Aos campos: concreto toldo...
É, pois, que de tão mutante,
Seja o nome sem conforme,
Seja assim beligerante,
Rebel barroco e disforme!
Do teclado eletrônico,
Da voz aguda à grave,
Do místico do iônico
À ironia do vôo sem ave!
Assim, teletransportados
Ao centro do nada etéreo
Os dois personagens, lado
A lado, diálogo sério
Travam em ritmo e som:
-“Cortar jaca na cidade
não é mole não! Nem bom!
Sou cowboy da variedade!”
=“Dinheiro é só um pedaço
de papel! O céu é um...
A máquina em peça de aço
De não fazer nada num
Minuto, não ‘tá quebrada!”
-“Sitting on the road side!
Será que eu vou do nada
Virar bolor? Um alcaide
Do Dia Final! Bomba H
Sobre São Paulo! Sunshine!”
=“Debaixo d’água - arrah! -
tudo era bonito! My wine
is my blood! Se tudo pode
acontecer, a palavra
amor acho que explode
num ruído de motor! Lavra
em boa ata: Qualquer coisa,
um deserto florescer!”
-“Coming through the wales of science!
Young Blood! Te amo, podes crer!”
=“Se uns vão de pará-quedas
E o cabelo embaraça,
Já outros juntam moedas!”
-“Não há nada que se faça!...
Trem! Você vai demorar!
Tá pensando qu’eu sou lóki?
Sou, mas sou solizsta do ar!”
=“Cantar nu’a banda de rock!
Ficar sozinho e só...Vê!
[O] vento canta pra ninguém!
Imagem: palavra lê!”
=“Não estou nem aí! Nem vem!”
- + =“Tinta cabelo cinema
sol arco-íris tevê!
O Sol? Train Ciborg O Lema:
Rolar pedras pra vocês!”
Dois Arnaldos, um dos Dias
Que se passaram distantes,
Outro Antunes, i-tunes,
Dois titãs sempre mutantes!
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