PIC é a produção poético-literária, criada coletivamente de forma espontânea podendo ou não haver um tema predefinido. Foi desenvolvido pelo poeta e psicólogo Sérgio Gerônimo para ser aplicado como dinâmica de grupo, nos encontros de Poesia do Vale do Paraíba realizados pela APPERJ e ACLAEPF - Academia de Ciências, Letras & Artes de Engenheiro Paulo de Frontin. A experiência teve resultados surpreendentes, tendo sido essa primeira produção publicada pelos Cadernos de Poesia da OFICINA ( número 26 ). A partir daí o PIC não parou mais. Já foi aplicado em diversas instituições de ensino como no Colégio Militar do Rio de Janeiro, Universidade Gama Filho, e agora suas possibilidades foram ampliadas através da internet, viabilizando a Poesia Instantânea Coletiva on line, onde uma sala de bate-papo é utilizada para os encontros virtuais ( ou seriam reais? ).
Segue a produção poética do PIC
22/03/00
PIC on line - 1
( Glenda Maier, Sérgio Gerônimo e Tom Reiss )
Vivos, numa terra brasileira
bandeiras desfraldadas
e uma limitação
a tentação de ser grande
a certeza de ser... grande
e como ave num vôo distante
a busca de sonhos que nem nossos são.
Simples servos da dominação
que oprime e reprime
sonhos e certezas
buscas insólitas
solitárias descobertas
pedaços de vidas
paridas ao acaso
ocaso da nação
pedaços de terra... brasileira.
PIC on line - 2
( Gladis Lacerda, Glenda Maier, Marcia Leite, Sérgio Gerônimo e Tom Reiss. )
teus narcísicos olhos vêem
pétalas de minha alma
são luzes que acalmam minhalma
desfolhando bem-me-queres
fazendo-me ser mais do que sou
ou apenas imaginar
possibilidades...
algo para sonhar...
toques...
mas não vou me calar
narcísica visão do amor
povoa meu corpo e meu olhar
molha minha alma como o tejo lisboa
e ecoa sons-poesia
no farfalhar dos jardins
nos altares da heresia
na insensatez da minha vontade
qual serafins enlouquecidos
nudez
onde todo vôo é realidade
nos meus narcísicos olhos
PIC on line - 3
( Gladis Lacerda, Glenda Maier, Marcia Leite, Sérgio Gerônimo e Tom Reiss. )
amanhã nada ficará impune
teremos dito tudo um ao outro
seremos silêncio – esperança.
quem sabe um dia lembrança
promessa sem cobrança
as contas do meu telefone serão só minhas
e o meu endereço...
envelope vazio nas ruas da vida
as minhas roupas sozinhas na gaveta
porque até a paz tem seu preço...
pois nem o vento mais esquinas tem
nenhum som, nenhum trem
farão soar teus passos
talvez... depois... quem sabe um recomeço
dê novo som ao teu abraço...
um diferente daquela maldita porta
que vibrou como aço
assim mesmo ... entreaberta
e vai ficar assim até a tua volta
ou até que o vento volte a soprar na nossa história....
sem fim estou também sem fim
aguardando um minuto mais
like sunday morning...
Dia 26/04/00
PIC on line - 4
(Glenda Maier, Neuci Gonçalves, David Urhausen, Sérgio Gerônimo e Tom Reiss)
Mulher incondicional
E me sinto só, a busco em meu sonho
mergulho desvairadamente
procuro meu espelho quebrado
incondicional condição.
Na minha mente fica sempre
a sua imagem e seu perfume
eternamente inalados.
Seu reflexo vem antes do seu sabor
assim mesmo, incondicionalmente, sonho
e sem tocar, eu lha sinto sobre mim.
Meu corpo exala estrelas e brilha qual mil sóis,
em condicionais constelações,
uni versos maiores multi versos amores,
prisioneiros e livres.
Penso o sentimento, sinto o pensamento
que queima minhas vísceras, acendendo seus desejos
refletidos em meu corpo.
Você mulher em condicional continua ligada no espelho
repetindo sonhos, desejos, perfume e corpos.
Fico ... precisando de você, desejando sempre você
mulher incondicional
PIC on line - 5
(Glenda Maier, Neuci Gonçalves, Neudemar, Sérgio Gerônimo e Tom Reiss)
Mulher
vale pra mim a mulher guerreira
espontânea e dominadora dos espaços
suave e serena seu poder é luz
luz que queima minha alma como chama dos desejos
que emana de sua alma
luz de bomba nuclear
alfas e mega pulsos fortíssimos
gerenciando a vida em seu pulsar mais puro
provoca-me respostas
lança-me à estratosfera
diana galáxica a procura do anel de saturno
diante de Zeus explode Afrodites e Atenas
Vênus que me deixa vermelho-Marte e quente-Sol
Deusas-planetas em ordem inversa
senhoras guerreiras sempre soberanas
Fragmento PIC on line - 6
( Edir Meirelles, Gladis Lacerda, Juliana Berlim, Marcia Agrau, Messody Benoliel, Neuci Gonçalves, Sérgio Gerônimo, Tom Reiss, Touché, Vanderléia Albuquerque)
passaram as ondas desconhecidas de um mar sereno e amável
e a tua fome insana e intensa permanece
aguda e intensamente reverberando
numa tempestade colossal
até que meus desejos se fragmentem
em delirios tiranos e abissais
sonho amar o amor nesse mar da vida
a plenos pulmões, meu desejo ganha corpo
sinestesia que aumenta o meu querer
e me faz ir às colinas liberar o ópio do desejo.
e tece e borda teu desenho em meu espaço
só e eternamente desleal
aguardando o desfecho final
nossas núpcias em campo celestial
Dia 22/05/00
PIC on line - 7
( Edir Meirelles, Gladis Lacerda, Juliana Berlim, Marcia Agrau, Messody Benoliel, Neuci Gonçalves, Sérgio Gerônimo, Tom Reiss, Touché)
tudo tem um começo, um princípio
tu és meu fim, minha meta, por onde tudo em mim se principia
tu representas um sonho interminável...
o ato falho cometido pela história
o apocalipse rítmico do teu pensamento
um tormento além do palpável
o meu amor eterno injustificável
que me fere a alma e cicatriza o corpo
que sintetiza a minha infinita fantasia
no amor intempestivo pela eternidade
busco caminhos insondáveis e diversos
e agora assim, em meus versos
eu me pergunto: e quem sou eu?
anjo luciferano violentando multidões
ou um mendigo à procura de calor
e descubro enfim nessa saudade,
que tu és meu princípio, meu fim, minha verdade
pneuma e bios que abastece meu ser
e saio deste deserto, febril, para a felicidade
louco, acorrentado nas estrelas universais
tento me libertar de tua sandice ,
que me prende a um universo paralelo
tento não pensar que existes em mim
e a minha voz persiste ecoando a me buscar
vago em tua vontade, permaneço em teu sangue
contemplando teu corpo-mundo
PIC on line - 8
(Edir Meirelles, Gladis Lacerda, Juliana Berlim, Marcia Agrau, Messody Benoliel, Neuci Gonçalves, Sérgio Gerônimo, Tom Reiss, Touché)
Enamorados
uma boca que é puro desejo
entregue sempre ao seu beijo
momentos que imortalizas em meu ser
essa carne rubra nua em brasa
me aquece nas manhãs chuvosas
na ânsia de ter-te em mim
queima-me os lábios de puro prazer
tu me olhaste
e algo estranho atingiu meu peito
visão ilusória e louca paixão
parabéns, tu tomaste de assalto a minh alma
arrebatou-me de repente
e me partiu em duas, ternamente,
duas pessoas de um futuro distante
insinuantes em minha vida
e eu quase me perdi
no mar de sentimentos dúbios
de sutis venenos contaminados
talvez, eu consiga vagar por entre estas águas turbulentas ...
e me enroscar nas tuas nuas curvas
eu não moro contigo, mas penso...
nadar eternamente em teu sorriso
PIC on line - 9
(Glenda Maier, Márcia Leite, Sérgio Gerônimo, Tom Reiss)
fogo e fagulhas ao vento
esparramam-se pelo cerrado
olhos humanos sangrentos
dedos profanos suados
esperança e medo se confundem
em planos altos vigio aquele
que fere o ventre da terra
sopro de vida ao avesso
começo que não começa
estigma extirpado de crenças maiúsculas
incógnita...
salamândricas mentiras
vingativas investidas
infantis brincadeiras
mentiras
loucuras que já não enganam ...
uivos ventos luas de outono
fagulhas e cinzas
arremedo de chamas
dele
PIC on line - 10
(Glenda Maier, Márcia Leite, Sérgio Gerônimo, Tom Reiss)
geada. faz frio. inverno.
o tempo urge no canto da sala
desolada e vazia
eu, lareira apagada
Dia 26/06/00
PIC on line - 11
( Anna D Castro, Francisco Filardi, Gladis Lacerda, Glenda Maier, Marcia Agrau, Márcia Leite, Reynaldo Sanchez, Sérgio Gerônimo, Tom Reiss, Vanderléia Albuquerque)
no palco da vida
trago a ilusão perdida
esquecendo as ilustrações
que enfeitam tantos corações
atrás das cortinas
luzes da ribalta
e as nuvens derretem de repente
as estrelas insistem em iluminar
estes corações apaixonados
no olhar da velha atriz
a volúpia das bailarinas
matriz de velhos sonhos
de desejos escondidos...
nos lábios, falas de outrora
escorregadios pas-de-deux
a ovação estrondeia
fundem-se eróticas cores
e resta a permanência dos que foram
na sensação dos amores
nas toscas lamparinas da coxia
o riso de um palhaço desafia
o fio da estampa empalhada
faz da vida um quase nada
doce irreverência da juventude
e uma lágrima rola teimosa...
olhos antigos, sonhos de glória
cicatrizando a dor de então
e os inoportunos insistindo em calar a poesia...
purpurinas presas na memória
PIC on line - 12
(Anna D Castro, Gladis Lacerda, Glenda Maier, Juliana Berlim, Marcia Agrau, Marcia Leite, Reynaldo Sanchez, Sérgio Gerônimo, Tom Reiss, Vanderléia Albuquerque)
como mancha de sangue de corpo exangue de amor
sou areia/deserto/vulcão
insensata vastidão de espaços
espuma de emoções ... sonoras
um nó que apenas se desata
e fica a sensação do nada!!!!
rasgando os ares de tormenta
exterminando o abismo entre o céu e a terra
um grito que chora, a dor que arrebenta
no deserto, vejo próximo o cometa que cavalgo
mergulho no espaço mulher/nuvem
homem/semente universal
quantum imaginário do saber mítico
sou príncipe...sou fidalgo
mas querem de mim sempre mais
outro grito nas gargantas do silêncio...
um raio que se expande...e corta a noite!
noite que me acolhe em silêncio,
lágrima cristalina luar de prata
talvez não satisfaça
ou talvez seja o dia da caça
dia da aurora sem fim
e este amor que ainda me mata
ou morre dentro de mim...
lá fora é madrugada...
pássaros?...
e os pássaros deixam o silêncio cantar
PIC on line 13
(Arlete Moreira dos Reis, Edir Meirelles, Glenda Maier,
Neuci Gonçalves, Sérgio Gerônimo, Tom Reiss)
Arena
Como um touro na arena de touradas
Caminhei pelas vias encurralado
Olhei pedras, calcei-me de olhos
A sangrar-me o peito dorido
Lançando o pó ao céu
O sangue, a revolta... Fúria
Corro em todas as direções
Vejo-me perdido nas vielas da vida
Como num labirinto à procura de ariadne
Minotauro sou nas tuas feridas
Curtindo a dor que atinge as entranhas
Capa vermelha...vida a traduzir desafios
E meu sangue jorra na areia de tua indiferença
Lágrimas brotam sem cessar
Areia/sangue massa de meu corpo
Neste porto arenoso
Domino a fera mas você se distancia
Arena...vitória inglória do desamor.
Dia 17/07/00
PIC on line 14
(Anna D Castro, Arlete Moreira dos Reis, Edir Meirelles,
Gladis Lacerda, Glenda Maier, Messody Benoliel,
Neuci Gonçalves, Sérgio Gerônimo, Tom Reiss)
Mar obscuro não navego mais!!
Violinos vibrantes violando alvoradas
Nela divago sensações inebriantes
Diversos rumos descobri aleatoriamente
Cansei de esmurrar as nuvens
E de pensar ser etérea
No parreiral de teus seios túrgidos
Violas enluaradas em noites deslumbrantes
Rostos mal dormidos e ensombrados
Quero mesmo a eternidade
Lançando-me em ultravioleta
Os acordes perpetuam esse instante
Poesia é coisa sublime
Quero tudo que venha sem querer ficar
PIC on line 15
(Anna D Castro, Arlete Moreira dos Reis, Edir Meirelles,
Gladis Lacerda, Glenda Maier, Messody Benoliel,
Neuci Gonçalves, Sérgio Gerônimo, Tom Reiss)
Foi numa festa muito doida
Que conheci o gajo.
Era alto louro e espadaúdo.
Ele veio pro meu lado com tudo.
Revirei os olhos num trejeito sexi.
A cada rodopio mais me excitava,
Até tropeçar no garçom que passava.
& 9472.; "Pediu bananas, senhorita?"
Aí é que me dei conta ...
De quanto era grande o gajo
E as bananas também!
PIC on line 16
(Anna D Castro, Gladis Lacerda, Glenda Maier, Messody Benoliel, Neuci Gonçalves, Sérgio Gerônimo, Tom Reiss)
Tropecei em teu olhar e caí em teus braços
Ordem e justiça era o que eu queria
Dizia os meus pecados a todos
Bêbada de paixão atrapalhei-me toda
No céu estrelas tremeluziam
Fiquei sozinha pensando em mim
E o ar cheirando a maresia...
Então voei como pássaro em teus olhares lascivos
Penetrantes, perfurantes-justos
Cativando meu peito condenado
És em verdade um inverter da ordem
Deixando no ar um cheiro de prazer
Prazer sidéreo que me consome
Advogando meus humores e amores
Cumprindo a pena de ter gostado
Injustamente ordenei-me tua
Vassala de teus prazeres e desejos
PIC on line 17
(Anna D Castro, Gladis Lacerda, Messody Benoliel,
Neuci Gonçalves, Sérgio Gerônimo, Tom Reiss)
O ônibus freiou e abri os olhos.
Havia um morto sob as rodas!
Nem telefone ali havia...
Nem chamar a polícia podia...
Era um coitado que perambulava pelas ruas
Reconheci-me em seu rosto
Suspirei ao me ver deitado
Fantasma de mim mesmo
Sem saber o que se passava ao meu lado
Penetrei em seu olhar, e a sombra do passado...
Destruiu ilusões contidas, reprimidas...
Como filme de Almodovar
Cores vivas e mortas do meu asfalto
Asfalto que não distingue vítimas
Sonâmbulo, retrocedi. Corri, fugi de mim...
Buscando entre abutres um manancial
Começo do meu infinito
Neste chão ensangüentado.
Dia 23/08/00
PIC on line 18
(Arlete Moreira dos Reis, Glenda Maier, Márcia Leite, Neuci Gonçalves, Sérgio Gerônimo, Tom Reiss)
ESTAMOS A MIL
Velocidade máxima
plugados, cibernéticos
saltitando o coração
com terabytes de emoção
janelas mágicas voam
enquanto meus plugs se libertam
dois mil olhos nos vêem
entrando nos sites-poesia
trocando pernas e gritos
em etéreas nuvens azuis
setas mãos teclam o real
sonhando com o amor virtual
despertamos insights
desconectamos velhas idéias
conectamos novos sonhos
mas continuamos a mil
PIC on line 19
(Arlete Moreira dos Reis, Juliana Berlim, Márcia Leite, Neuci Gonçalves, Sérgio Gerônimo, Tom Reiss)
Linhas cruzadas
paralelas do destino
feixes desconexos
vejo você entrando e saindo
perdido numa encruzilhada
na criptografia de sua mão.
Conchas e marés
simpatias de ciganas
enganos & desenganos
se acaso um candelabro
alguém lhe desse
também diria verdades e mentiras
que vislumbro.
Marolando oceanos
nos mistérios d alma
acenando oásis de escutas.
A aspereza que exalas,
eu a sinto no contato com seus dedos
acelerando a cada eco o coração
nessa quiromancia de senões...
PIC on line 20
(Arlete Moreira dos Reis, Juliana Berlim, Márcia Leite, Neuci Gonçalves, Sérgio Gerônimo, Tom Reiss)
A bateria virou
desmantelou no breque
no ritmo fracassou
cadê o ziriguidum brejeiro?
Mas a mulata não perdeu o rebolado
a mulata leva o tom dentro de si
jobiniando caras e bocas
trejeitos de amor certeiro.
No gingado de seu corpo
tem mais samba no seu sangue
que confete em carnaval.
Tem mais vento sob sua saia
rodada rodando no salão
que hélice de ventilador.
Estandartes e ventaniacetins, rendas e lantejoulas
coisas de mulher
mania de ser mulher
cantada em todos os sambas.
E seu coração de carnaval
pulsa ao som de um surdo.
Dia 18/09/00
PIC on lin 21
(Davi Britto da Rocha, Juliana Berlim
Lau Siqueira, Sérgio Gerônimo, Tom Reiss)
Nublados os sonhos todos
Desesperança resta
Vivo entre o nada e o infinito
Tudo é vazio e tedioso
E me perco a sonhar com a amplitude infinita.;
Ampulheta velha é minha vida
Perdida na vastidão soturna das calçadas
Que sonho é este?
Onde está o final da esperança?
Vagarosamente caminhando descalço
Dentro de mim percorro outras léguas
Durmo, portanto vivo.
Vivo, portanto sofro.
Oh! Vastidão que me encantas
Todos em uma barca afundada
Comojacarenalama
Como os caras pintadas de cismas
Submerso em lava-lama
Como as orquídeas da alma
Perplexa.
Como o fracasso da calma
Espero ressurgir armagedon
Espero penetrar a sua alma
Como num antro de esperas e luzes
Dia 16/10/00
Pic on line 22
(Márcia Leite, Marilena Gomes Ribeiro,
Neuci Gonçalves, Sérgio Gerônimo)
Do sobrado de minhas sobrancelhas
Vejo teu riso, criança
A jorrar luz em minha alma
E culpa no coração
Te concedo o meu amor
E roubo a cena de teus brinquedos
Me encho de paz com tua presença
Sentença que decreta inocência
Nem sempre de acordo com a vida
Mas sempre de acordo com o amor
Teu sorriso cicatriza minhas feridas
Teu olhar me fala: compaixão!
Contra-mão quantas mãos
Quantas carícias e beijos
A te banharem a pele alva
No negrume da selva-nação.
Pic on line 23
(Márcia Leite, Marilena Gomes Ribeiro,
Neuci Gonçalves, Sérgio Gerônimo)
O som do teu sorriso
Na noite escura só vejo sombras
Bateu no meu corpo como guiso
Um sempre vem e
Sempre sou outro quando te vejo
Alma sentida/coração cheio de pranto
São retratos de um amor que acaba.
Marcas da vida
Estou despida de alma
Sem dó nem solidão
Solidão que me corrói
Pic on line 24
(Márcia Leite, Marilena Gomes Ribeiro,
Neuci Gonçalves, Sérgio Gerônimo)
Fiz dos teus braços a ponte
Entre nossos lábios e a felicidade
Para ajustar a velocidade
Da poesia que apontava ao meu coração
Atravessei esses caminhos
E febrilmente encontrei tua boca
Decidi ali mesmo desvendar meu segredo
Eu também tenho um pivô e uma ponte
Mas eu não. Tenho apenas dentadura
Que caiu sobre a ponte e se partiu.
Pic on line 25
(Márcia Leite, Marilena Gomes Ribeiro,
Neuci Gonçalves, Sérgio Gerônimo)
O poste ilumina o menino
Que foge das sombras, da vida
A sorte não foi dada no talão
E esconde um sorriso agastado
Pela indiferença de todos
E seus ombros magros curvados
Esquálidos sonhos perdidos
A noite chegará, terá que fazer sentinela
Terá que esconder a ilusão
Até que a luz clareie a mente dos passantes
E o dia renove esperança
Todos nós temos no peito a criança
Querendo ou não brincando com a escopeta
Até ... Que a luz do poste se apague.
Pic on line 26
(Luiz Prôa, Márcia Leite, Marilena Gomes Ribeiro,
Neuci Gonçalves, Sérgio Gerônimo)
Tuas águas antes claras
Sabem a sangue
Que hoje sangram mães
Sabem a sal de lágrimas de angústia
Que choram filhos, pais, irmãos
Tuas ondas disparam
O azul do mar castanho de teus olhos
Os gritos de teus irmãos
Omar da palestina mira o deserto
Sangue palestino em mar revolto
Fere o verso liberdade
Pedras de honra contra balas de opressão
Morte inglória de inocentes homens
Sobra
Uma lágrima de liberdade humana
Pic on line 27
(Luiz Prôa, Márcia Leite, Marilena Gomes Ribeiro,
Neuci Gonçalves, Sérgio Gerônimo)
Beijo tua boca
Qual fosse romã
Noite adormece pranto
Molhando a alma
Regando o corpo.
Dia 20/11/00
Pic on line 28
(Alzira, Marcia Leite, Selma Wandersman,
Sérgio Gerônimo e Tom Reiss)
Flutuava em minha língua
Causando estranheza
Sentindo completamente à míngua
De uma especial frieza
Como piercing mal aplicado
Tatuagem clonada de um cromo teu
Solidão que vem e fica
Parecendo alguém que não sabe que morreu
Venérea doença incurável
Desastroso sabor de não-amor
Desta áspera vida, espera vital
Sensações de alma nua
Como uma supernova cruzando o espaço sideral
Roendo meu siderúrgico pulmão
Sonda explorando cavernas da lua
Inflados olhos estáticos
Ânima perdida
Jeito cruel, frio e enigmático
Um animal acuado
Anunciada despedida.
Pic on line 29
(Alzira, Marcia Leite, Selma Wandersman,
Sérgio Gerônimo e Tom Reiss)
OS NÃOS
Noite anuncia-se solitária
E nada do que vejo me satisfaz
Nenhuma recordação me chega
Nego a negação do dia
Xingo no escuro do quarto
Escuro como purgatório dos arrependimentos
Fundo como um poço de lamentos
Sinto a lassidão dos meus membros podres
Escorro por não-escadas curvas
Arianas aranhas ariadas - ariranhas!!
Camas não consentidas.
Amores não compreendidos
É o eterno desencontro o que sufoca
O que não é não-viver
Sem oxigênio-higiênico
Liberdade reprimida
Orgulho mal ferido e sofrido
Apenas vendo o branco dos lençóis
Insônia, velha companheira
Uma guilhotina persiana
Não-vida
Não desejo
Dos muitos beijos que perdi
Quero ressuscitar o amor
Perdido lá longe
Lá onde nunca eu quis ir.
Pic on line 30
(Alzira, Marcia Leite, Safri, Sérgio Gerônimo e Tom Reiss)
Relâmpagos cruzam o céu noturno
Paládio cósmico do meu eu
No longo anoitecer
Meu ciberespaço se desmistifica
Corro à procura de assunto
Sou tão etérea
Cruzo altares sou curinga
Vou ali já venho
Mais afeita à natureza que antes
Ás-de-espada rainha na mão
Pic on line 31
(Alzira, Marcia Leite, Safri, Sérgio Gerônimo e Tom Reiss)
Oceanos invadem minhas noites
Insônia lavada de ondas
Enguias elétricas através dos sonhos
Marés transpassam meus andares
Sereias me guiam além-mar
E não sei por que ondas me levam
Por salgadas lágrimas impermeáveis
Sou ulisses dos sargaços e águas-vivas
Praias longínquas por descobrir
Amores inteiros por desbravar
Desbravar...
Profundidade....
Sonhos marinhos da loucura das marés
Lâmina espelhada
Vontade de te buscar entre essas ondas dos mares
E sempre a perder-me no mar
Contando mariscos
Catando humores.
Dia 15/12/00
Pic on line 32
(Safri, Selma Wandersman, Sérgio Gerônimo, Tom Reiss)
Ardente nuvem
Quentura das searas
Calor de desejo
Nas asas das araras
Nos panos e nas velas
Nas marés do poente
A aurora ardente
Fantasias de novela
A vida in(verso)
Calor da namorada
No caminho árido
Transpiro alvorada
Seduzo desconfianças
Aplaino meus humores
Exorcizo meus suores
Esfrio calores
Estou começando a chover
Mas não deixo entrar tristeza
Sigo com fúria a correnteza
Seguindo o meu leito de águas
Pic on line 33
(Safri, Selma Wandersman, Sérgio Gerônimo, Tom Reiss)
Oceânicas marés
Que me torturam dia-a-dia
Um furor descontrolado
Vagas que vagam vadias
Nos seus ritmos lunares
Lugares , sonhos, desafios...
O enfunar das caravelas
No som de ventos ufanos
Cantigas de marinheiros
Prisioneiros de netuno
Espantam a tormenta
Espetam o espírito
Afastam o choro das sereias
Certas mulheres de areia
Que a onda faz na praia
Desertos de fantasmas
Pic on line 34
(Anna D Castro, Gladis Lacerda, Safri, Selma Wandersman,
Sérgio Gerônimo,Tom Reiss)
Meu pranto lunar
Ou vulgar
Saiu a vagar
Apeteceu-lhe voar
E numa nuvem pousar.
Pensando no mundo do irreal...
Surrealismo de minh alma
Que me esgota e me acalma
Insistentemente
No sorriso da doçura
A felicidade procura
Esperando uma palavra, um gesto de ternura...
Estradas. Cruzamentos - o nada
E retorno vazio
De algo para coisa alguma
Só dentro de mim
E a solidão me atormenta!
Com as marcas que o tempo não mais põe fim
Sou quarto-minguante
Flutuante no quarto ato
Sou lua-nova de fato
No desejo de ser cheia
E nesta confusão de luas
Esmoreci de viver, à procura de ruas.
Pic on line 35
(Anna D Castro, Gladis Lacerda,
Safri, Selma Wandersman,
Tom Reiss e Sérgio Gerônimo)
Entreaberta as minhas persianas
No portal que se aproxima
Escuto o cantar do futuro
Transpasso o último muro
Somos cúmplices de solidão
Com passo firme e seguro.
Dia 19/02/01
PIC on line 36
(Márcia Leite, Neuci Gonçalves, Rosane Vilella,
Samira Zommari, Selma Wandersman, Sérgio Gerônimo, Tom Reiss)
Vivo a ilusão da avenida
E desfilo entre mil luzes
Que me ofuscam brilho e
Turvam as imagens
Salgadas asas da imaginação
Que me fazem pierrot
Para brilhar na ribalta do teu coração
Poesia e magia
Chaplinianamente unidas
Andam lado a lado feito os sapatos
Sem laços, do palhaço
Calças de pensamentos vazios
Maquiagem sem riso
De quem "dita a dor" pra ser feliz
É quando surge a ribalta
Que, sem luzes, esconde o choro
E no desgosto dá só alegria
E na alegria fantasia
Nuvem sorrateira da imensidão
Dos ombros retira a dor e seu sorriso de amor
De um novo carnaval
PIC on line 37
(Márcia Leite, Neuci Gonçalves, Rosane Vilella,
Selma Wandersman, Sérgio Gerônimo, Tom Reiss)
Quero mesmo os teus beijos
Ondas de puro prazer
Neles não há freios
Nem limites, liberdade somente
Ainda que ardia
Queimava, queria
Tua seiva urbana
Orvalho de asfalto
Profana
Fogo ardente e prazeroso
Cheiro de mato
Que dá as sensações mais estranhas.
Feito baseado mal apertado
Opium granulado da tua orgia
Nunca experimentado
Nas noites de sonhos quiméricos
E seres mefistofélicos
Bocas bacanas beijos esotéricos
E o teu batom
Tatuado em minha língua
Dava o tom
Do meu tesão em te sentir
Tão íntima de mim
Vibrando sons sem fim.
PIC on line 38
(Márcia Leite, Neuci Gonçalves, Rosane Vilella,
Selma Wandersman, Sérgio Gerônimo, Tom Reiss)
Eu te amo
Medo da noite
Não o digo
Coração sem lógica
Cheio de desejo
Medo da noite
Traço abraço espaços
Vazio de sonhos
Verborrágico sem medo
PIC on line 39
(Márcia Leite, Neuci Gonçalves, Rosane Vilella,
Selma Wandersman, Sérgio Gerônimo, Tom Reiss)
Aquele velho tarado
Que se engasgou no ensopado
Enquanto beliscava a gordinha da cozinha
Comendo uma gostosa vitelinha
Que mais parecia uma galinha
Só que de salto alto
Quem? A gorda ou a galinha?
Só o fazia fiado
Mas comia adiantado
Mergulhado na tigela
Sentimental e lendo Capricho
Feito carrapicho
PIC on line 40
(Márcia Leite, Neuci Gonçalves, Rosane Vilella,
Selma Wandersman, Sérgio Gerônimo, Tom Reiss)
Rolo noites mal dormidas
Só tenho o calor da cama
Travesseiros malandros
Meu corpo aos trancos
E solavancos de amor
Minha noite é um drama!
Dia 28/03/01
PIC on line 41
(Rosane Villela, Selma Wandersman, Sérgio Gerônimo e Tom Reiss)
O tempo parece parar
Chove torrencialmente no destino
Transbordando minhas nascentes
Cor de chocolate mate
Mas a angústia da espera
Trovejam idéias absurdas
Na minha mente encharcada
Melando negro o coração
Que bate acelerada
Como águas de março esquecidas
Ou tempestades de outono malditas
Nas dobras de um diamante
O que aumenta com a indiferença
A minha fuga por esquinas bêbadas
E retornos não alagados
No melado papel
Noite sem doce sem você
Sem a possível água potável
Que só escorre em mim
Dia 16/04/01
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(Neuci Gonçalves, Reynaldo Sanches, Selma Wandersman e Tom Reiss)
A estrela que me traz a madrugada
Traz junto a dor de uma saudade.
Sentidos queimam a pele
Que sua ausência somente inflama
O peito quase explode em liberdade
A fúria da angústia sempre contida
Explorando uma nova realidade
Em seu corpo virtual
A vida de quem sofre de quem ama
Eternamente em desejos em chamas
Mascarados pelas banalidades
Do desamor que nos circunda
Ainda guardo seu retrato desbotado
Na carteira velha e amassada
A lembrança do beijo não dado
As carícias em noites de amor
Nos escombros do porão abandonado
Quando o que nos resta não é nada
Não é vida...
Nem tão pouco morte é
Sussurros na surdina da noite
Medos que guardam segredos
Absolutamente...
Nossos.
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(Neuci Gonçalves, Reynaldo Sanches, Selma Wandersman e Tom Reiss)
Não há ruídos
Mas com toda comunicação
A virtualidade me preenche
Sonhos quase nunca realidade
A miséria que me cerca
O silêncio me sufoca
A mente cheia de lembranças
Da dor que alimento no peito
Perfeito monumento ao nada
Onde o computador afasta
Os pensamentos que me sufocam
Fechar os olhos só não basta
Já não estou aqui
E me sinto atraída quando você me toca
O corpo cheio de desejos
A mão- o corpo- os beijos
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(Neuci Gonçalves, Reynaldo Sanches, Selma Wandersman e Tom Reiss)
Aquele velho tarado
Viu o peito arrebitado
Da galinha na cozinha
E pensou num ensopado
Corpo tenro e tão suado
De galinha ele entendia
Mas será que ela queria
Aquela coisa que crescia?
Mas não é que a tal galinha
Agarrou o velho frouxo
Pelo bico batendo penas
Deixou o velho com aquilo roxo
Dia 21/05/01
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(Neuci Gonçalves, Sérgio Gerônimo)
Se a consciência dos políticos
Se a decência dos dirigentes
Se a competência dos ministros
Se a cara de pau dos cara-pálidas
Se...
É! Veríamos se nossos espelhos
Baços de vergonha e manchados pela desonra
Encontrariam ecos em desencontrados planaltos
Mas nos altos planos da desfaçatez
Arrudas, barbalhos e toninhos
Lalaus, huguinhos, zezinhos e luizinhos
E toda sorte de ladrões
Ali babás da corrupção
Metem a mão e vão quebrando a nação
Craquelê, vitral envergonhado
Feito com os cacos desse povo tão roubado
É preciso um não, dois nãos. Não!
Nãos!!!!!!!!!!
É preciso que se exclua do cenário nacional
Essa corja num certeiro apagão
Sensacional!
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Neuci Gonçalves, Sérgio Gerônimo, Selma Wandersman
No vazio que é a vida
Minhas portas têm dobradiças rígidas
Feitas de músculos e aço
Paredes tontas ôcas janelas
De minha casa interior
As esquinas que me devoram
Vão escrevendo com minha sombra
Entalhes da carne esquecida
Nos alicerces da paixão.
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Neide Barros Rêgo, Sérgio Gerônimo, Selma Wandersman
Tudo é melhor quando é a primeira vez.
O primeiro filho.
O primeiro amor
Ah... O primeiro amor
A lua de mel.
A primeira vez
Quando foi mesmo?
Faz tanto tempo!...
Mas parece que foi ontem
Meu beijo ampulheta
O primeiro livro.
O primeiro tudo
Livro é como se fosse um filho.
As expressões de espanto
A capacidade de nos espantarmos.
E ainda nos indignarmos
Agora
Meu Deus!
Dia 18/06/01
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(Cláudia Villela, Franco de Lagos, Márcia Leite, Neuci Gonçalves,
Rosane Villela, Sérgio Gerônimo e Sônia Abreu)
Deitando em teu regaço
Me vejo presa de teu olhar
Aqueço meu corpo com teu amor
Seco a chuva com teu calor
E me molho em noite de ardor
Sinto quente -frio nos seus braços
Me derreto no teu espaço
Eu não diria no teu, diria.. No nosso
Somos um no espaço do amor
A vagar felizes... A dançar...
Na chuva, no sol, sob o luar
Pingando o suor
Ouvindo um tango tinto-carmim
Vivendo a noite, enfim
Em infinito êxtase de amor.
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(Cláudia Villela, Franco de Lagos, Márcia Leite, Neuci Gonçalves,
Rosane Villela, Sérgio Gerônimo e Sônia Abreu)
Numa tarde de sol quente
Fui paquerar numa praia
Na cidade
- onde o caos é freqüente
Parei no sinal
E vi três cores no escuro
Difícil decifrar...
Foi quando vi minha sogra
Com ar de mamão maduro
Saindo do supermercado
Cheirando morango estragado
e vestida de palhaço feio
Com nariz de tomate esborrachado
Espantando a criançada
Esta velhota enrugada
É pior que sinal
Pois dá cambalhota na esquina
Mostra a lïngua pras meninas
A tal da língua de sogra!
É maldita, a danada!
Dia 15/10/01
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(Aline Pereira, Sérgio Gerônimo e Tom Reiss)
Flores de plástico
Embebidas em aromatizantes
Excitantes e calmantes
Margarida azul
Encantadora languidez
De mordaz veneno
Vendendo bombas imaginárias
E sorrisos temporários
Ordinários afetos
A fé e atos - hiatos
A quem já não sonha além de ontem
Nem vê a outra margem do rio
Que não navega minha aldeia
Que poreja melancolia
E incendeia minha matamazônica
Supersônica vontade mundial
Antolhos grudados à cara
E o chicote estalado no lombo
Rasga o véu da insanidade
E abre mão da involução voluntária
Na tentativa última de resgate
Margarida de aquarius
Resplandeça em meio ao turvo
E liberte-nos do meio-tom.
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(Aline Pereira, Sérgio Gerônimo e Tom Reiss)
suave pluma no saara
insólita aparição
areia de ampulheta
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(Aline Pereira, Sérgio Gerônimo e Tom Reiss)
Oasis em meus olhos
Aridez semântica
Obscuras tempestades
Romântico romântico
Inútil bússola em meu bolso
Calabouços
Labirintos descortinados
De desejos incandescentes
Ar-dentes faces do saara!
Dia 19/11/01
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(Guxta, Marcia Leite, Sélma Wandersman,
Sérgio Gerônimo e Tom Reiss)
A ordem sangrenta no caos
Onde se bombardeia a tormenta
A lagrima e a chuva: ácidas
A dor e a decepção em mim
Torpedos, alecrins & mentas
Montanhas áridas de metal
Cavernas onde se escondem
Poeira nos olhos... Cegueira.
O mar lavaria rostos, mas
Mar morto - aborto
Úteros secos de mulheres sem corpo
Corpos descarnados de almas sem vida
Copos craquelados sem brilho
A barbárie parece procurar mais verbos para ser infeliz.
E quem diria, primeiro foi o verbo.
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(Guxta, Marcia Leite, Sélma Wandersman,
Sérgio Gerônimo e Tom Reiss)
A nível de
Mares noturnos tropicais
Todo peixe acha
Bota, bóia, bombocado
Baleia pula amarelinha
Golfinhos esguicham sardinhas
Sereias trocam espelhos
Mãe! Zequinha afogou-se!
Refogado, rebolado - manjericão
Marinado, em banho-maria,
Num belo prato
Opacos seios fartos
E Zequinha afogado!
Verde completamente verde
Pura praia purpurina
Escama sempre fina
Ondinas tirando casquinha
Apenas mulheres, Zequinha...
Olhos sinistros estrábicos
Rindo do mar
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(Guxta, Marcia Leite, Sélma Wandersman,
Sérgio Gerônimo e Tom Reiss)
Uma gorda quituteira
Fiu-fius, gemidos, risos
Meninos rondando a cozinha
Pela coreografia da frigideira.
Chiando estalidos no olhar
Jogando estalinhos no azulejo
Charme, suor, insinuações
Entre pulgas, carrapatos, percevejos
Mãos incautas, frituras
Sabedoria de fogão
E o menino, todos sabem quem, tem seus olhos brilhando
E a quituteira, ninguém sabe, é namorada do patrão
Garfos espreitam a sobremesa
Coisas que se explicam no coração
E se desejam no estomago.
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