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Cartas-->Para os curiosos -- 24/05/2003 - 14:13 (Fernando Tanajura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Se você não é curioso, não leia o resto. Vire a página. Se você vive a repetir as mesmas coisas e não tem curiosidade em novas experiências, não perca seu tempo. Existem pessoas que vivem no mesmo bla-bla-blá e nhem-nhem-nhém entra dia e sai dia, entra semana e sai semana. Ficam nos memos lamentos e reclamações. Colam as repetidas mensagens nos mesmos quadros de avisos com os mesmos assuntos. É torturante conviver com pessoas assim. Eu tinha um amigo que me ensinou a ser curioso desde cedo. Ele era o cúmulo da curiosidade e fazia as perguntas mais descabidas que já escutei nos meus quinhentos anos de vida bem vividos. Ele chegava até a ser engraçado. Sempre de um ato comum, ele procurava dar uma roupagem nova, mesmo que esse ato fosse contra as leis da Natureza. Um dia ele me contou que quando tinha nove ou dez anos acordou todo mijado. Foi um deus nos acuda na manhã seguinte quando o resto da família descobriu o fato. Onde já se viu um menino dessa idade mijar na cama! No meio do caos, ele não se traumatizou, muito pelo contrário. Chamou a mãe e as irmãs em um canto da casa e confessou que estava muito feliz, pois, por momentos, ele pensou que havia tido a sua primeira menstruação. Mas homem não menstrua!, gritavam indignadas as mulheres da casa. Ele não se deu por satisfeito e, para provar que podia inventar uma coisa nova, montou um esquema. Assim que pôde, passou a ter o costume de, em cada vinte e oito dias, como nos ciclos da lua, menstruar artificialmente. Comprava dois ou três quilos de beterraba, corria a conzinhá-las e comia com avidez aquela pratada de raiz grossa tuberosa. No dia seguinte — pimba! — a menstruação chegava. Assim ele viveu feliz até morrer com sua menstruação mensal. Daí eu me pergunto: por que a mulher sangra e o homem não? Na busca de satisfazer a minha curiosidade, fui encontrar a resposta em fonte donde menos esperava. Justamente Bernardo Guimarães, que tanto entreteu a minha juventude com a sua Escrava Isaura, foi fuçar uma fábula de Ovídio, achada em Pompéia e vertida pra lá e pra cá que nos explica tudo. Leiam se forem curiosos:

A origem do mênstruo
por Bernanrdo Guimarães

De uma fábula de Ovídio achada nas escavações de Pompéia e vertida em latim vulgar por Simão de Nuntua.

Stava Vênus gentil junto da fonte
fazendo o seu pentelho,
com todo o jeito, pra que não ferisse
das cricas o aparelho.

Tinha que dar o cu naquela noite
ao grande pai Anquises,
o qual, com ela, se não mente a fama,
passou dias felizes...

Rapava bem o cu, pois, resolvia
na mente altas idéias:
– ia gerar naquela heróica foda
o grande e pio Enéias.

Mas a navalha tinha o fio rombo,
e a deusa, que gemia,
arrancava os pentelhos e peidando,
caretas mil fazia!

Nesse entretanto, a ninfa Galatéia,
acaso ali passava, e vendo a deusa assim tão agachada,
julgou que ela cagava...

Essa ninfa travessa e petulante
era de gênio mau,
e por pregar um susto à mãe do Amor,
atira-lhe um calhau...

Vênus se assusta. A branca mão mimosa
se agita alvoroçada,
e no cono lhe prega (oh! caso horrendo!)
tremenda navalhada.

Da nacarada cona, em sutil fio,
corre purpúrea veia,
e nobre sangue do divino cono
as águas purpureia...

(É fama que quem bebe dessas águas
jamais perde a tesão
e é capaz de foder noites e dias,
até no cu de um cão!)

– "Ora porra!" – gritou a deusa irada,
e nisso o rosto volta...
E a ninfa, que conter-se não podia,
uma risada solta.

A travessa menina mal pensava
que, com tal brincadeira,
ia ferir a mais mimosa parte
da deusa regateira...

– "Estou perdida!" – trêmula murmura
a pobre Galatéia,
vendo o sangue correr do róseo cono
da poderosa déia...

Mas era tarde! A Cípira, furibunda,
por um momento a encara,
e, após instantes, com severo acento,
nesse clamor dispara:

"Vê! Que fizeste, desastrada ninfa,
que crime cometeste!
Que castigo há no céu, que punir possa
um crime como este?

Assim, por mais de um mês inutilizas
o vaso das delícias...
E em que hei de gastar das longas noites
as horas tão propícias?

Ai! Um mês sem foder! Que atroz suplício...
Em mísero abandono,
que é que há de fazer, por tanto tempo,
este faminto cono?

Ó Adonis! Ó Jupiter potentes!
E tu, mavorte invito!
E tu, Aquiles! Acudi de pronto
da minha dor ao grito!

Este vaso gentil que eu tencionava
tornar bem fresco e limpo
para recreio e divinal regalo
dos deuses do Alto Olimpo,

Vede seu triste estado, ó! Que esta vida
em sangue já se esvai-me!
Ó Deus, se desejais ter foda certa
vingai-vos e vingai-me!

Ó ninfa, o teu cono sempre atormente
perpétuas comichões,
e não aches quem jamais nele queira
vazar os seus colhões...

Em negra, podridão imundos vermes
roam-te sempre a crica,
e à vista dela sinta-se banzeira
a mais valente pica!

De eterno esquentamento flagelada,
verta fétidos jorros,
que causem tédio e nojo a todo mundo,
até mesmo aos cachorros!"

Ouviu-lhe estas palavras piedosas
do Olimpo o Grão-Tonante,
que em pívia ao sacana do Cupido
comia nesse instante...

Comovido no íntimo do peito,
das lástimas que ouviu,
manda ao menino que, de pronto, acuda
à puta que o pariu...

Ei-lo que, pronto, tange o veloz carro
de concha alabastrina,
que quatro aladas porras vão tirando
na esfera cristalina

Cupido que as conhece e as rédeas bate
da rápida quadriga,
co a voz ora as alenta, ora co a ponta
das setas as fustiga.

Já desce aos bosques onde a mãe, aflita,
em mísera agonia,
com seu sangue divino o verde musgo
de púrpura tingia...

No carro a toma e num momento chega
à olímpica morada,
onde a turba dos deuses, reunida,
a espera consternada!

Já Mercúrio de emplastros se aparelha
para a venérea chaga,
feliz porque aquele curativo
espera certa a paga...

Vulcano, vendo o estado da consorte,
mil pragas vomitou...
Marte arranca um suspiro que as abóbadas
celestes abalou...

Sorriu a furto a ciumenta Juno,
lembrando o antigo pleito,
e Palas, orgulhosa lá consigo,
resmoneou: – "Bem-feito"!

Coube a Apolo lavar dos roxos lírios
o sangue que escorria,
e de tesão terrível assaltado,
conter-se mal podia!

Mas, enquanto se faz o curativo,
em seus divinos braços,
Jove sustém a filha, acalentando-a
com beijos e com abraços.

Depois, subindo ao trono luminoso,
com carrancudo aspecto,
e erguendo a voz troante, fundamenta
e lavra este DECRETO:

– "Suspende, ó filha, os lamentos justos
por tão atroz delito,
que no tremendo Livro do Destino
de há muito estava escrito.

Desse ultraje feroz será vingado
o teu divino cono,
e as imprecações que fulminaste
agora sanciono.

Mas, inda é pouco: – a todas as mulheres
estenda-se o castigo
para expiar o crime que esta infame
ousou para contigo...

Para punir tão bárbaro atentado,
toda humana crica,
de hoje em diante, lá de tempo em tempo,
escorra sangue em bica...

E por memória eterna chore sempre
o cono da mulher,
com lágrimas de sangue, o caso infando,
enquanto mundo houver..."

Amém! Amém! como voz atroadora
os deuses todos urram!
E os ecos das olímpicas abóbadas,
Amém! Amém! sussurram...



Vocês são bem curiosinhos, não são?...
Bjs
F.

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