Este poema é de Cícero, Aluno da Pós-graduação/UFT
Palmas
Morar em Palmas tornou-se um sonho
Como de qualquer sertanejo ou desempregado
Que nem Fabiano, nulo neste mundo medonho.
- Lá encontro parentes e amigos do passado,
Conseguirei o emprego que tanto necessito:
No comércio, na indústria ou num parlamento...
- Lá só existe coronel abnegado.
Aqui no sertão não sou feliz como precisaria.;
Em Palmas a vida é cheia de bonança:
Tão tranqüila, tão repleta, tão mansa!...
Que o nordestino e nortista, cheios de esperança,
Vivem a realidade do progresso sem nostalgia.
Ah! Quantas compras e passeios farei!
Banhar-me-ei às margens da cidade na Graciosa.;
Correrei de cavalo no jóquei,
Subirei em liberdade na vida pomposa,
Esquecendo as angústias das secas que enfrentei,
Rogando ao Padim Ciço piedade, até na prosa.
E quando eu estiver na velhice,
Vagando nos palácios ou na Igreja de São José,
Peço a um repentista, com meiguice
Pra cantar algum repente da ralé,
Que já no tempo de Nordeste, achava ser tolice,
Viver os infortúnios da seca, só com fé,
Pois agora vejo: tudo era maluquice.
Palmas é outro mundo, outra nação,
É um portento cravado no coração brasileiro,
Tem garantido presente e futuro de sua geração,
Oriundos da riqueza que envia para o estrangeiro,
Revelados na arquitetura, nos móveis, na esnobação,
Na transformação do cerrado em celeiro.
Da acrópole, o plácido Araguaia vela seu povo:
São mulheres trajando à modernidade faraônica,
São estudantes e intelectuais que desprezam a crônica,
São crianças, idosos, imigrantes à gafe hegemônica,
Que cruzam com homens pragmáticos do Estado Novo.
E quando eu estiver na solidão,
Mais solitário que um indigente,
Na hora em que o stress parecer-me um suicídio iminente,
Lembrar-me-ei do sertanejo que fui, que ainda sou...
Mas em Palmas terei a casa que eu preciso,
No bairro, na praça, na rua que escolherei,
De sobra terei trabalho, educação, saúde, o paraíso...
Ó, tocantinos! Alegrem vossas almas!
Sigam-me, vou-me embora pra Palmas!
Palmas! Palmas!.... pra Palmas!
Profª Janete,
até hoje este poema continua inédito, mas a partir de agora espero que você o mostre para outras pessoas, companheiros. Não pretendo com esse texto ocupar o lugar de urubu (ser que só enxerga a carniça), todavia quero torná-lo acessível a fim de que as pessoas vejam como é nosso Tocantins.
A composição desse poema foi iniciada em abril de 1999, sendo concluída apenas em 15 de outubro de 1999. Na verdade, para o olhar do eu-lírico “Palmas” mimetiza claramente o que o Tocantins é: sonhos/dúvidas, paraíso/miséria, liberdade/ditadura, crença/descrença, modernidade/atraso, enfim, um Estado criado dentro da visão dos moldes feudais. O vocábulo Palmas, a meu ver, pode ser interpretado também como os nossos braços que sustentam este Estado (nação de Campos).
Um forte abraço!
Cícero, aluno da Pós
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