Número do Registro de Direito Autoral:131151909641876100
O CHORO DO SABIÁ
Silva Filho
Quando morreu a palmeira
O sabiá foi chorar
Debaixo da laranjeira
Lágrimas a desaguar;
Depois de tanta fogueira
Nem mesmo mulher rendeira
Aguentou este lugar.
A mata com sua nobreza
Foi despida do seu manto
E toda a rara beleza
Converteu-se em barranco;
O homem com avareza
Preferiu a esperteza
Acabando o seu recanto.
Assorearam os rios
Desnudaram as colinas
Neste deserto sombrio
Falta o galo-de-campina
É de causar arrepio
Todo este atavio
Onde a vida desafina.
Entrementes, uns farsantes
“Guardiões da ecologia"
Não enfrentam os gigantes
Autores da covardia
Mas são muito atuantes
Proibindo variantes
Em qualquer periferia.
A Natureza fenece
Com tamanha hipocrisia
A Amazônia definha
Porque tem asfixia;
O pulmão deste Planeta
Com sua grande mancha preta
Quer somente enfermaria.