Aqui estou,assustado, perdido em meu mundo. Pessoas conversam, gesticulam, porém, não me dizem nada. O sol já não tem a intensidade suficiente para acalorar a minha alma, e a lua, não ilumina o meus pensamentos. Nada faz sentido. Estou paralisado de medo e insegurança. Quando tudo parece perdido, visualizo uma porta entreaberta dentro de mim. Com uma força até então inconsciente, caminho para esse mundo. Prazerosamente vou reconhecendo paisagens, objetos, móveis, enfim, tudo vai ficando docilmente familiar.
Agora, do quintal da minha infància, Ã sombra de uma parreira, ouço gorjeios de canários belgas , enquanto sinto o cheiro gostoso do bife acebolado e do arroz avermelhado pelo tomate, que somente minha avó sabia fazer. Ela também permanece sentada na cadeira de balanço na minha imaginação, narrando os fatos importantes do jornal matutino. Numa folha qualquer desenho, tendo comigo a mão amiga do meu avó. Essas lembranças me trazem paz, tranquilidade, e uma grande força interior.
Sinto vontade de encarar os problemas cotidianos, compartilhar minhas dúvidas, medos, alegrias e tristezas. Sinto que posso pedir colo, aconchego. É muito bom saber que sempre que me sentir fragilizado, posso abrir essa porta e encontrar a doce presença dos meus avós. Desse modo, tenho certeza de que as lembranças são necessárias e importantes para encontrarmos o nosso equilíbrio e crescimento interior.
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