Número do Registro de Direito Autoral:131197871649026900
SERMÃO DE MENESTREL
Silva Filho
Vinte e quatro de janeiro
Que saiba toda a Nação
É o dia da Carta Magna
OU DA CONSTITUIÇÃO;
Portanto, vem o Cordel
Pela voz dum Menestrel
Registrar o seu “sermão”.
A LEI MAIOR DO PAÍS
Bem que merece respeito
Por políticos, governantes
NO ESTADO DE DIREITO;
Mas com a Justiça cega
O Parlamento se nega
A enxergar seus defeitos.
ASSEMBLÉIA CONSTITUINTE
Do ano de oitenta e oito
Fez um trabalho brilhante
Sem nada ter de afoito;
Com estudos exaustivos
E também comparativos
Teve um produto recoito.
Mas políticos brasileiros
Não vivem sem as emendas
A GOVERNABILIDADE
Foi o foco das contendas;
No Poder Executivo
Ninguém aceitou o crivo
Preferindo outras sendas.
OS DIREITOS GARANTIDOS
Cláusulas pétreas e afins
Ficaram pro outro mundo
Talvez com os Serafins;
Pois DIREITO ADQUIRIDO
Foi um TERMO CARCOMIDO
Pelas pragas de cupins.
Hoje a colcha de retalhos
Já não tem a compleição
Já não tem identidade
DUMA CONSTITUIÇÃO;
De tanto cerzir os trapos
A Carta virou farrapos
Que nem servem pra colchão.
Hoje o Brasil se envergonha
DESSA FALTA DE RESPEITO
Que deixou o Parlamento
Muito abaixo do conceito;
EMENDAS PARA TRIBUTOS
EMENDAS PRA VIADUTOS
ONDE LÁGRIMAS FAZEM LEITO.
Vejam que coincidência
Com um fato constatado
Hoje também é o dia
DO POBRE APOSENTADO;
Que no mundo das emendas
Foi enganado com lendas
E os seus proventos taxados.
Mas o povo não se toca
Quando chega sua vez
Em tempo de eleição
Lá vem o mesmo jaez;
O povão nunca refuta
Porque prefere a permuta
De meia dúzia, por seis.