Deixa-me ser o que sou
absorto, inocente, incoerente
descontente, descompromissado
Deixa-me fluir como um rio
cujo destino é certo
e que se adapta aos acidentes
ao longo do percurso
Deixa-me ser natural, espontâneo
despreocupado, desligado
agregando conhecimentos
sentimentos, emoções
como uma bola de neve
Deixa-me sorrir, gritar
me emocionar até as lágrimas
chorar minhas alegrias e tristezas
Deixa-me admirar a criança
que brinca inocentemente
seguindo as formigas
por sobre a grama
Deixa-me colher a flor do campo
cultivada naturalmente
pela mãe natureza
Deixa-me caminhar sem rumo
sem tempo, sem prumo
banhado de chuva ou de sol
Deixa-me navegar sem barco
sem horizonte, sem porto
sem destino, sem farol
Deixa-me olhar para a lua
dialogar com as estrelas
e me despedir com um boa noite
antes de dormir
Deixa-me levantar preguiçosamente
e agradecer por mais um acordar
num dia de sol de primavera
que sempre há de vir
Deixa-me ser o que quero ser
presente, ausente, inocente
incoerente, descontente
livremente, comovente
envolvente, existente...
13/08/2005 |