Uf...
Ainda bem que já estamos no dia DOZE de setembro.
Certamente começará a se escrever sobre a primavera ou o otimismo...
É certo, também, que as brasas ainda nem viraram cinzas. Mas... Chorar resolve?
Evidente que não.
Ninguém merece! E disso não se duvida...
Ouvi, ontem, de um aluno revoltado:
- Ora! Tó nem aí pro americano! Quer ser o dono do mundo e acabou levando...
Fiquei a olhar para os olhos dele, tentando adivinhar o porquê de tanta bronca. Estava bem claro que não era bem contra o americano que ele praguejava, mas contra ele mesmo, coitado: sua desgraçada vidinha, a luta de adulto a estudar fora da idade. Filhos para alimentar... Certo dia, esse mesmo aluno me disse:
- Sabe, fessora, eu estudo, não para fazer nenhuma faculdade, não... E nem conseguiria que sei que sou burrão. Mas estudo para não ficar muito "por baixo" diante dos meninos lá em casa. Pelo menos, quando crescerem eu poderei ajudar em algum trabalhinho da escola.
E ele me dizia isso com um brilho tão esperanço nos olhos que eu nem dei crédito ao que ele disse depois, sobre o americano merecer o ataque terrorista. Apenas lhe disse:
- O grande escritor, Josué, disse uma vez em um de seus livros, que "quando morre alguém é como se cada um de nós morresse um pouco, pois fazemos parte da raça humana"... E perguntei-lhe, ainda, se ele achava justa a morte de tantas pessoas inocentes, cheias de sonhos, que foram lavradas da face da terra, sem que isso percebessem.
E os que ficaram, quem os consolará de tamanha perda?
Você, Josué, sonha em ensinar a seus filhotes o pouco que conseguir aprender aqui. E eles? Os que perderem seus filhos ou os pais queridos?
Meu bom aluno olhou-me com expressão um tanto opaca e disse apenas:
- Tem razão, professora. Falar sem pensar só faz a gente passar vexame...
Deu um suspiro e se foi deixando para trás um leve aroma de corpo suado, massacrado pelo trabalho de mais um dia.
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