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Cordel-->A RAINHA E O QUERUBIM -- 24/12/2001 - 18:43 (Fernando Tanajura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


A RAINHA E O QUERUBIM



Num certo mundo encantado

não sei se daqui da Terra

existia um reinado

que vivia em pé de guerra



Falavam muito de Paz

mas muitas armas faziam

Menino, moça ou rapaz

a lutar bem que aprendiam



O Rei só guardava ouro

sem se importar com o povo

Era grande o seu tesouro

tudo belo, tudo novo



Em terras perto ou distantes

tudo era saqueado

e o povo a todo instante

vivia mui revoltado



O Rei com sua arrogância

não se importava com nada

Maior era sua ganância

quando via a burra inchada



Do outro lado do mundo

um homem lá do deserto

preparou um mal profundo

que eu nem quero estar por perto



Armou uma grande seta

com ferro, fogo e fifó

e destruiu a alfa e o beta;

do reino não teve dó



As torres do rei cairam

como cartas de papel

e as riquezas sucumbiram,

não ficou nem um anel



O rei ficou furibundo

chamou os homens pra guerra

e numa fração de segundo

não houve paz nesta terra



Todos os homens partiram

deixando as mulheres sós

que nem meninos pariram,

mordiam cordas e anzóis



A Rainha enlouquecida

em seu catelo trancada

não tinha mais a boa vida

que seu Rei propiciava



Não ficou homem nenhum

pro prazer ou pro deleite;

nem mesmo da vaca Zum-Zum

das tetas saía leite



Foi um inferno, uma secura

que a Rainha enfrentava

e só nos sonhos a frescura

o seu ardor aliviava



Numa noite de sonho louco

daqueles que não tem fim

apareceu pouco a pouco

um anjo, um Querubim



A Rainha alucinada

quando viu belo mancebo

não quis dar tempo pra nada

fez coisa que eu nem percebo



Se ajoelhou bem contrita

em doce e pia oração,

segurou firme a bendita

e fez logo uma louvação



E de quatro pediu mais

com muita fé no seu anjo

quis benzer os animais

e cantava ao som do banjo



Sofrendo assim com prazer,

relembrava do Calvário

e repetia em querer

rezar um outro rosário



Não parava a rezaria

enquanto galgava a parede

pensava em romaria

no céu, na cama, na rede



O Querubim mui astuto

fazia-se de muito rogado

calado como um matuto

abençoava o afogado



Deixou as asas de lado,

puxou o cabelo pra trás

e assim o bom safado

fez cara de Satanás



Inventou uma ladainha

trás-pra-frente, frente-atrás

e abençoou a Rainha

que ficou a pedir mais



A Rainha de joelhos

fazia assim penitência

sem se importar com bedelhos

ou ao anjo pedir clemência



Pegava o santo com gosto

orava pro Rei e pra luta

Sem querer nenhum desgosto

levava o santo pra gruta



Com o livro de oração

recitava o rosário

Piedosa, pelo chão,

rezou atrás do armário



O anjo jogava água benta

ficava assim ensopado

Foi uma, duas... sessenta!,

deixando tudo molhado



E assim passou essa noite

com o bom anjo, o Querubim

com santas coisas de afoite

nada de coisa ruim



No outro dia a Rainha

acordou aliviada

relembrou a ladainha,

sentiu-se santificada



Pra seu prazer e alegria

foi anunciada a Paz

e voltou-se ao dia-a-dia

no Reino de Satanás





© Fernando Tanajura

(n. 1943 - )

http://tanajura.cjb.net







 


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