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Artigos-->CUBA REVISITADA (2) -- 15/08/2002 - 16:39 (Maurilio Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Durante o desenvolvimento de nosso trabalho na ilha, pude notar que havia uma espécie de descontentamento por parte daqueles trabalhadores, toda vez que dávamos alguma resposta sobre algum fato econômico-social. Alguns amigos, menos sutis, perguntavam na maior cara de pau se eles estavam satisfeitos com a situação que estavam vivendo. Toda vez que isso acontecia, o sabatinado, primeiramente olhava para todos os lados e dependendo de quem estivesse por perto, desviava o rumo da conversa. Por vezes, no meio do assunto, percebendo a aproximação de algum elemento não confiável, o indivíduo fazia uma cara como querendo dizer que não daria mais para continuar o papo.



O serviço de informação cubano está infiltrado em todos os lugares, e ninguém gosta de arriscar as suas cabeças, num discurso anti-revolucionário.

Os russos abandonaram a Ilha e deixaram para trás um forte aparato militar. O armamento cubano carece de peças de reposição e de suporte técnico. Segundo depoimento dos trabalhadores, na época em que a União Soviética lhes dava total apoio, a vida era bem melhor do que agora. No momento a situação é crítica e nossos irmãos cubanos passam por sérias dificuldades econômicas, agravadas pelo embargo imposto pelos Estados Unidos.

Um trabalhador me disse em tom de desabafo que se não fosse a presença dos Estados Unidos, Cuba teria condições de vir tomando todos os paises da América central até o Brasil. –“ Temos armamento e gente preparada para isso”. Existem aqueles que são realmente adeptos convictos do ideal revolucionário de Castro. Outros porém, já se desiludiram. Alguns ficavam encantados quando lhes mostrávamos revistas brasileiras mostrando as belezas de nossa terra, o povo nas praias e sobretudo o carnaval.

Os anúncios de alimentos, como Yogurtes, corn flakes e outros, os deixavam com uma certa nostalgia no olhar.



O que está segurando um pouco a economia cubana é o setor de turismo. A ilha tem uma vocação muito boa para o setor de turismo. A rede hoteleira é da melhor qualidade e as praias são paradisíacas. Logicamente todo esse potencial só está à disposição dos turistas. Vc. Não encontrará turistas cubanos hospedados em hotéis de luxo, nem em free shops. Os táxis em Cuba são todos modernos pois o governo permite a importação dos mesmos para atender aos turistas, mas os carros nas ruas são todos da década de 50. É possível encontrar modelos Oldsmobiles, Vauxalls, De Sotos, Studebakers, Buicks e outras raridades circulando. Os motores são adaptados de uma marca para outra. Nesse quesito, creio que os cubanos são os melhores mecânicos do mundo. O dólar é bem-vindo na Ilha e com ele é possível se comprar quase tudo nas lojas especiais para turistas. Logicamente se um cubano for pego com dólar no bolso, terá de se explicar como conseguiu a moeda.

Uma outra grande fonte de renda, em Cuba, é o dinheiro que os exilados no Estados Unidos mandam para as suas famílias. Esse dinheiro é muito bem-vindo.



Visitei também aquela praça, onde Fidel faz os seus quilométricos pronunciamentos políticos. O lugar é lindo, mas as manifestações ali promovidas não são tão espontâneas como podem parecer. Existe o compromisso do comparecimento ao local sob pena de algum tipo de sanção. Há algum mecanismo para checar se alguém prestigiou ou não a manifestação. Só tolo não comparece.



Os únicos livros que consegui ver circulando normalmente eram os de Ernesto Che Guevara. A bibliografia é vasta e liberada.

Fiquei pensando cá com meus botões que dificilmente o povo brasileiro se adaptaria a um regime que os trouxesse assim tão amordaçados e submissos.

Apesar de tudo é ponto pacífico que o povo cubano tem uma educação esmerada e são pessoas amabilíssimas e muito sofridas. É impossível visitar Cuba e não se sensibilizar com o seu povo.

Das outras vezes que lá voltei, antes de embarcar, comprava bastantes caixas de bombons, biscoitos, yogurtes, queijos e roupas femininas como calcinhas e sutiãs, no comércio de Rio e levava as pessoas às lágrimas na hora da distribuição, entre os amigos que lá fiz.



Eles têm muito carinho pelo povo brasileiro e acho que a recíproca é verdadeira. No navio em que trabalhava, todos guardávamos o excedente de nossas refeições e embalávamos em isopores e outros vasilhames e distribuíamos entre as pessoas com as quais nos relacionávamos. A felicidade das crianças e dos adultos era algo comovente quando chegávamos com aquela porção de vasilhames com arroz, feijão, carnes e sobremesas. Passávamos em média de 15 a 25 dias, por estadia em Cuba, e durante todo esse tempo distribuíamos alimentos e roupas. Nesse aspecto o povo brasileiro é muito solidário e os cubanos, com certeza nos guardam em seus corações até hoje.

Involuntariamente, a nossa atitude fazia com eles repensassem os seus valores.



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