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Artigos-->CUBA REVISITADA -- 14/08/2002 - 22:57 (Maurilio Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Em minha vida de piloto de navios, através do mundo, sempre tive um fascínio e o desejo de conhecer Cuba, mas infelizmente por muitos anos estivemos em blocos políticos opostos e a mim só restava então, observar de longe, através do binóculo aquela ilha imensa e sua bela cadeia de montanhas.



Alguns amigos tiveram uma emergência, com o navio, nas proximidades da Ilha, em 1978, o que os obrigou a arribar (termo técnico para entrada forçada em um porto não programado) para a ilha de Fidel. Segundo depoimentos dos tripulantes do navio da Docenave, todos foram levados, em um carro fechado, para uma casa sem janelas, onde ficaram presos até que os complicados trâmites legais fossem concluídos. Depois de tudo resolvido, foram levados no mesmo carro fechado até o aeroporto onde foram deportados para Madri e depois para o Rio de Janeiro. O navio ficou retido em Cuba e depois cortado como ferro velho.



Os anos se passaram, a União Soviética implodiu, o Muro de Berlim desmoronou e Cuba reatou relações comerciais com o Brasil. Estando eu tripulando o navio Carandaí, eis que tivemos de cumprir um contrato “Join Venture”, onde levaríamos uma grande quantidade de soja produzida na Argentina para Cuba. Quase no final de minha carreira, teria eu a grande oportunidade de entrar naquela ilha tão misteriosa e desconhecida de quase todos. Desconhecida sim, pois são poucas as pessoas que tiveram a oportunidade de conhecer Cuba. As dificuldades são muitas. Não sei hoje em dia, mas na época, não havia vôo direto do Brasil para lá. O turista teria de se deslocar para a Colômbia, e lá fazer a conexão para um outro avião.



Graças à minha profissão, pude testemunhar muitas situações, tais como visitar com freqüência as duas Alemanhas, estando ora num lado do muro, ora no outro. Sempre convivendo de maneira bem íntima com a população desses paises e colhendo opiniões, que por vezes eram emitidas sob o maior dos temores. Estive várias vezes nos países da antiga "Cortina de ferro", durante a guerra fria e senti na carne o espírito de animosidade que eles nutriam por nós, capitalistas. Estive também na África do Sul em meio ao Apartheid, com Mandela preso e sofri com a discriminação racial da época, pela minha descendência afro-brasileira.



Sofri também com a arrogância dos americanos, quando por vezes tínhamos que solicitar algum tipo de ajuda, seja no comércio ou nas ruas.

Enfim, acho que depois de tantas andanças, pude ter uma visão, se não teórica ou filosófica de suas doutrinas, pelo menos prática ou mais realista. Uma doutrina política e seus postulados, em tese, são uma coisa, porém colocados em prática costumam revelar uma outra face que por vezes não é a esperada ou desejada.









Voltando a minha primeira viagem à Cuba, confesso que de tanto viver fora do Brasil, visitando os mais diferentes povos, a sensação que tive ao colocar o navio com a proa rumo à entrada do porto de Cienfuegos, foi de uma emoção incrível, pois estava entrando em um lugar histórico, polêmico e rico em sua essência.

Cienfuegos é uma cidade localizada ao Sul da Ilha, e recebeu esse nome em homenagem ao revolucionário Camilo Cienfuegos.

Como ocorria em todo país comunista, sofremos uma inspeção rigorosa por parte das autoridades cubanas e tivemos a licença para operar no porto e também para sairmos à rua e visitarmos a cidade.



Nosso primeiro contato foi com os estivadores, gente humilde e simpática. Eles queriam saber tudo sobre o Brasil, já que é difícil ter acesso à notícias do mundo exterior em Cuba. O acesso à informação é rigorosamente controlado. O único jornal disponível é o “Granma”, veículo oficial do Partido Comunista Cubano. Há um sistema de bloqueio de ondas de rádio e TV, e embora estejamos há poucos quilômetros da Florida, não se consegue captar imagens de TV ou ouvir rádio do exterior. Quando se sai de Cuba, após umas poucas horas de viagem, passado a capa do bloqueio eletromagnético, as ondas de rádio e TV dos Estados Unidos aparecem com uma nitidez impressionante.



O estilo do povo cubano é muito parecido com o nosso. Muitos descendentes de Espanhóis e conseqüentemente muita gente branca também. Cuba é um caldeirão étnico.



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