No pedaço de papel (uma embalagem de bala de framboesa), como eu já imaginara, nada havia escrito. Além, claro, das especificações do fabricante da bala. Obviamente não era de se esperar de uma criaturinha daquela idade e tamanho algo mais expressivo, num momento como aquele, do que uma colaboração para a poluição da via pública. Aquela porquinha rebolante!
Saí do transe nínfico em que me encontrava e dirigi-me até uma banca de revista ali ao lado a fim de comprar o jornal local da semana. Qual não foi minha surpresa, ao folhear as páginas, quando bati os olhos na seção da coluna social. Dentre as fotos e fofocas sobre personalidades que a mim pouco importavam, uma pequena fotografia, com congratulações de aniversário chamou-me a atenção: ‘Parabéns e muitos anos de vida para nossa querida Bruna Lourdes Sampaio, filha de nossa respeitosa dra. Carmem Lourdes Sampaio’. Era ela! A foto em preto-e-branco realçava ainda mais sua beleza e a tornava mais clássica. Então seu nome era Bruna, então sua idade...bem, não estava ali anotada. Editores incompetentes! Contemplei sua pálida imagem de rosto no papel por um instante. Enrolei o jornal, e fui pra casa.
Foi difícil dormir naquela manhã. Foi difícil dormir naquela tarde. Porém à noite adormeci.