ZPA concede entrevista-bomba ao "Reflexões Usineiras".
RU: Por que ficou tanto tempo sem dar continuidade às Reflexões Usineiras?
ZPA: É que eu caí no areal na hora adversa que Deus concede aos seus, para o intervalo em que esteja a alma imersa em sonhos que são Deus. Mas, que importa o areal, a morte, a desventura, se com Deus me guardei? E é ele que me sonhei que eterno dura. É ele que regressarei.
RU: Muitas expectativas?
ZPA: Sim, ardentemente eu espero pela volta dos que ainda nem foram.
RU: Ficou chocado com a revelação de que possui inúmeros pseudônimos e heterônimos?
ZPA: Em absoluto. Agora é correr atrás das inúmeras vantagens. Sempre que leio o nome de um escritor novo, penso logo existo.
RU: Você é hoje um dos mais lidos do site?
ZPA: Nonadas. Cada vez menos, essa é a verdade. Vou te dizer uma coisa, há muitos ultrapássaros voando céleres em direção ao pódio. E estão chegando cheios de badulaques. Dizem que tem até homem-link agora, como antigamente a gente via pela rua aqueles homens-sanduíche, faziam reclame que dava o dia. Fui um dos mais lidos, não sou mais. Sou apenas um fóssil, o que restou da antiga civilização usineira. Anote aí: FUI-O OUTRORA AGORA.
RU: O que acha da poesia que se faz no usina ?
ZPA: Poesia? Que poesia? O que tenho visto são espasmos, uma espécie de doença de São Guido que contaminou todos os nossos bardos.
RU: E sobre suas inquietações filosóficas?
ZPA: Já filosofei muito. E não me arrependo. Fi-lo porque - desculpem - cagava um quilo. Hoje vejo que há metafísica bastante em estar cagando e andando.
RU: Por que tantos leitores o detestam?
ZPA: Eles não sabem o que fazem.
RU: Seu livro de cabeceira?
ZPA: Vocês não vão acreditar. É a Bíblia Sagrada.
RU: É verdade que o Vaticano já se manifestou preocupado com a influência perniciosa da série Teologia da Esculhambação sobre a mente em formação dos jovens vates?
ZPA: Que nada! Os Engenheiros do Hawaí já disseram isso, ou melhor, já cantaram isso com todas as letras: "o Papa é pop". Poupe-me a ala conservadora da Igreja. Eles que se preparem, porque não se pode servir a Deus e esquecer o que aconteceu com os Mamonas Assassinas. Haverá choro e - para quem não tiver mais dentes ou tiver perdido a dentadura - ranger de gengivas.
RU: Passatempo predileto?
ZPA: Procurar erros de pontuação nos meus próprios textos. Morro de inveja quando outros chegam antes de mim a esses (risos) locais do crime.
RU: E a música?
ZPA: Adoro ruidurbano. Melhor do que ruidurbano, só mesmo o teatro do minuto. E melhor do que o teatro do minuto, só Guaby.
RU: Como encara a possibilidade de uma guerra contra o Iraque?
ZPA: Com absoluta tranquilidade. Guerra é guerra.
RU: Qual a sua posição em relação à EGRÉGORA?
ZPA: Disse, e repito: NA ÁGORA DE AGORA, ATÉ A GREGA EGRÉGORA AGOURA.
RU: Quais são os novos talentos do site?
ZPA: Prefiro não dizer nomes. Há uma porção deles. Eu diria que há uma verdadeira falange de novos talentos super-hiper-mega-talentosíssimos. E estão se organizando de maneira peculiar, a saber, em torno de nada. E tem um problema bastante complexo: eles não lêem. Alguns nem aprenderam. Não sabem. Mas também, vamos ser francos, pra quê? Com o tempo, escreva o que eu digo, não vai haver mais leitores, só autores. Todo mundo vai ter direito a uma vida inteira de fama.
RU: Novos projetos?
ZPA: Estou preparando o meu próximo fracasso.
RU: Poderia dizer só mais uma palavrinha aos leitores?
ZPA: Cu.