Me fascinam os teus seios,
túrgidos, túmidos e cheios
de viço, sobranceiros,
sem recatos, inteiros ...
... altaneiros, de porte ereto,
pedem um pouco de afeto,
exalando perfume pelo veio
de pomos gêmeos, meio a meio.
Não mais feitos prisioneiros,
vão sorrindo zombeteiros,
são como aves tentando vôo -
desconcertado, me desarrazôo.
Coroados de rubor
vêem tudo ao derredor,
furando os olhos insistentes
com seus bicos contundentes.
Quando tu caminhas sensual,
balançam em movimento casual,
empinados, sem temor
de se revelarem em esplendor.
Obras-primas do Artista
não cansam a minha vista,
atiçam o meu espírito belicoso,
desconheço algo mais formoso.
Tu mesma os admiras faceira
tocando-os como bordadeira,
a tecer caminhos sensuais
abertos a quem ouse mais.
Me recolho em constrita adoração,
segue apressado o meu coração
ao ver-te no rito sensual
entregá-los ao banho matinal.
Então respiras ofegante -
eles se postam avante -
ansiosos por carícias,
irrecusáveis delícias.
A vida revela-se mais pungente,
emocionado, não sou mais indigente,
quando me ofereces generosa o peito
que orando, com as mãos estreito.
Brasília, 10 de outubro de 2004 |