Usina de Letras
Usina de Letras
127 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62186 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10449)

Cronicas (22532)

Discursos (3238)

Ensaios - (10351)

Erótico (13567)

Frases (50586)

Humor (20028)

Infantil (5426)

Infanto Juvenil (4759)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140793)

Redação (3302)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1959)

Textos Religiosos/Sermões (6184)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
cronicas-->ARNALDINHO, O POETA DO INDEPENDÊNCIA -- 08/09/2000 - 21:56 (Nelson de Medeiros Teixeira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Até hoje o pessoal ali das bandas do bairro independência não ficou sabendo direito quem era mesmo o Arnaldinho. Se poeta de verdade ou um tremendo gozador profissional, desses com direito a FGTS, PIS, Férias e tudo o mais... Nas reuniões de fim de tarde, enquanto todo mundo programava, o Arnaldinho paquerava. E o pior de tudo é que o cara tinha a mania de poesia e sempre que pintava mulher no pedaço lá vinha cantada na base do versinho.
Na verdade as rimas eram horríveis e quase sempre forçadas, assim na base de "chifre"com "esquife" e coisas semelhantes. Mas nem assim o Arnaldinho se mancava. E se alguém da turma- o Zé Pinoia, por exemplo, um simplório funileiro que o poetinha vivia sempre a gozar - pedisse respeito prá com as damas do bairro, aí é que ele não perdoava e sapecava na cara do Pinóia: "Zé Pinoia é operário, sempre com letra a pagar. Escravo de um salário, que mal dá para almoçar".
Não podia existir troço mais quebrado, o que não evitava a confusão porque o Pinóia não entendia nada de rima de pé quebrado e queria mesmo era quebrar, não só pé, mas todo o Arnaldo. E partia prá cima dele. Aí juntava o resto da turma prá segurar o homem. Mas quem disse que o poetinha esquentava? Pelo contrário, saia muito do eufórico com suas produções literárias, embora o Zé fosse do tamanho do Itabira.
-Eu ainda num só nada, só tó praticando, mas juro que ficar famoso às pampas", dizia...
E honra seja feita, a verdade é que o Arnaldinho já tava ficando famoso mesmo. Só que era uma fama assim meio estranha, porque já tinha muita gente que num gostava da pose dele e de seus poemas.
E a medida que o tempo passava mais se inspirava o poetinha e cada vez mais sofria o Zé Pinóia... Sofria mais que torcedor do Botafogo...
Foi numa noite, numa festinha no parquinho do bairro, onde toda a turma sempre estava reunida que despontou na esquina a santa mulher do Zé Pinóia. Aliás, diga-se de passagem, o que tinha de santa tinha de boa...
Bem que o Arnaldo tentou se controlar, rezam os anais da historia do bairro, mas num aquentou ou não viu o Zé Pinóia por perto, e ai deu-se a tragédia porque o poeta exagerou na inspiração e improvisou um poeminha que rimava ADORNO com qualquer coisa parecida... Quer dizer, eu acho que nem chegou a completar a malfadada rima porque foi a última estrofe do versejador da rua, estrofe inacabada que acabou com as esperanças do bairro de ter um poeta famoso...
Mas apesar de tudo - como todo pilantra refinado- o Arnaldinho era querido e tinha alguns amigos que fizeram uma vaquinha e mandaram gravar no túmulo do artista:
" AQUí JAZ O ARNALDINHO
CANTADOR DE RARO EFEITO
MORREU QUE NEM PASSARINHO
COM UM BALAÇO NO PEITO"


Nelson de Medeiros Teixeira
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui