Condenados a acordar...
Hoje... Vou despir-te...
Quero-te nua mas sequer te tocarei...
Prescindo de imagens
E de movimentos proíbidos
Para implantar nos sentidos
Abrupto e flamejante tesão...
Basta que feche as pálpebras
Assim... Dentro de mim
Dois corpos... O teu e o meu
Para ascender ao céu
Tão difícil de atingir em graça...
Já vejo nítido teu colo
Os mamilos... As pontas...
Oh que consolo e tu arfas
Como gata arranhando-me as canelas...
Chias... Clamas infinitos
E eu ouço-te os gritos
Que abafas no silêncio íntimo...
A noção esvai-se e o tesão assume
Como lume todos os poros...
Eu e tu... Animais... Mortais...
Desabridos no esplendor da natureza
Plenos de vida acesa...
De repente e vindos do céu
Caímos para o lado
No leito abandonado por nós
Fugindo dos corpos esmagados
Que permanecem deitados
Condenados a acordar... Após !...
António Torre da Guia