A Usina de Letras é um mundo à parte, semelhante, em muito, às nuances do meio político. Além de políticos, existem aqui figuras excêntricas, que, de súbito, sem mais nem menos, por exclusiva vontade própria, colocam-se no centro dos acontecimentos e tentam comandar a todos e a tudo. É doloroso ver o sofrimento, tentando adequar condutas e procedimentos ao seu modo. Muitos se expõem ao ridículo, sem constrangimento.

Outros constrangem, desprovidos de autocrítica e de senso de ridículo. Sem exceção, consideram-se ases em tudo. São muitos os que ficam irritados, porque não são obedecidos imediata e cegamente. Nada humildes, chegam a ser arrogantes e agressivos, tentando desqualificar pontos de vista sustentados por pessoas reconhecidamente qualificadas. Assisti a leigo, provocando debate com bacharel, de quem tentava negar os conhecimentos.

Quando é direto tudo se resolve. Inaceitáveis são os arroubos de capacidade e de poder nunca delegados para impor transformações aqui, ali e acolá. A megalomania é tamanha que falam na 1ª pessoa do singular. “Eu entendo que não deve ser assim, mas assado.” Tudo na marra! No grito! Na imposição, inclusive por meio de pressão psicológica. Sugestões devem ser bem-vindas, mas canalizadas à pessoa adequada, para análise.

NADA NOVO – Por força da atividade jornalística, convivo com deputados e governadores. O ambiente político é rico em figuras extravagantes. Encontram defeitos em tudo e sempre têm solução fácil e simples. Difícil é fazê-los falar. Conheci um lunático que não se separava de canudo de papelão, com tampa numa extremidade. Dentro, jurava ele, havia detalhes técnicos revolucionários para construção de moradias de baixo custo.

Era capaz de extraviar a cabeça, mas não o canudo. Com o tempo, resolveu falar – e contou que se tratava de fazer tijolos com palha de arroz, trigo, centeio... Mas se negou a explicar de que modo e, menos ainda, mostrar o projeto. Outro garantia ter desenvolvido técnica infalível de convencimento mental do eleitorado! Mas resistiu bravamente à determinação de conversar sobre o assunto somente com o governador. Nunca foi recebido.

Em comum todos possuem a arte da fofoca. São lépidos no vaivém e no leva-e-traz. Também se consideram conselheiros para todos sobre tudo. Não fossem as roupas sebosas quem duvida que não enganassem pessoas inteligentes, experientes e preparadas? Apesar das incoerências e das falhas grosseiras nas relações humanas, são dados à verve considerável. Essas figuras são simples lunáticos com lampejos de lucidez. Algo impressionante!