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Cartas-->A uma amiga pensadora...Milene -- 02/07/2001 - 12:08 (Clóvis Luz da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Os egípcios colocavam nos túmulos de seus mortos as melhores roupas destes, além de jóias, comidas, etc., porque acreditavam na continuidade da vida após a morte, e, tomando aquelas providências, estariam garantindo uma boa qualidade de vida “post-mortem” aos seus queridos.

Algumas tribos africanas têm como costume, durante as guerras, comer os corpos dos inimigos mortos, porque assim, supõem, absorvem suas virtudes, como força, inteligência e coragem.

Esses dois exemplos mostram como é complexa e diversa a relação dos homens com o conceito de alma, naquilo que tem a ver com sua perenidade ou finitude. No primeiro caso, os egípcios admitem que a vida do homem é eterna, apenas ganhando uma nova dimensão a partir da separação entre alma e corpo, este perecendo definitivamente, aquela permanecendo como manifestação incorpórea e eterna da vida anteriormente manifesta pelo corpo em seus sentidos.

No caso das tribos africanas, a conclusão apreendida a partir da prática canibalesca é que a vida humana não tem continuidade após a separação entre corpo e alma, pela absorção mesma de todos os aspectos relativos à alma por meio da ingestão do corpo que a abrigava: força, coragem, inteligência, etc.

Santo Agostinho, aperfeiçoando o conceito platônico de alma, não apenas admite sua eternidade como diz que ela toma emprestado o corpo como seu abrigo temporário, deixando-o para se encontrar com Deus, na morte. Se em Platão temos a reencarnação deduzida através de seu conceito de alma, em Santo Agostinho fica evidente o conceito da Ressurreição.

Entre Platão e Agostinho não há divergência quanto à perenidade da alma. Ambos concordam com sua eternidade. A grande diferença é que Platão admite o corpo como morada temporária da alma em um processo de evolução: a alma está sempre procurando um melhor abrigo; ao passo que Santo Agostinho afirma que a alma, em saindo de um determinado corpo, voltará para esse mesmo corpo, por ocasião da ressurreição dos mortos com vistas ao juízo final.

Não pretendo polemizar com aqueles que crêem na reencarnação. Quero apenas manifestar minha convicção na ressurreição, baseada principalmente no testemunho das Sagradas Escrituras, que dizem: “ E, como ao homem está ordenado morrer uma só vez, vindo depois disso o juízo...”. Hebreus 9:27.

Os amigos espíritas crêem na Bíblia como a Palavra de Deus? Se crêem, então é coerente que também admitam que não existem evidências bíblicas quanto à reencarnação, e inúmeras quanto à ressurreição. A principal delas, sem dúvida, é a ressurreição de Jesus Cristo, o qual não reencarnou, se isso significa voltar em um outro corpo, mas ressuscitou no mesmo corpo, sendo as primícias dos que dormem (os mortos), à espera da ressurreição.

Quem não crê na ressurreição justifica sua posição afirmando ser impossível o reagrupamento das células, partículas, moléculas de um corpo para a sua ressurreição, a menos que seja admitida a hipótese da intervenção divina (ressalvada por você, Milene). A questão é que, se a ciência tem explicações que provam a impossibilidade da reorganização das moléculas de um corpo, tendo elas se dispersado pela ação de bactérias, ou que moléculas de água se transformem em moléculas de vinho, ou que o nível de atração entre as moléculas da água seja de tal forma alterado que permita a um homem caminhar sobre ela sem afundar, contrapor essas explicações à fé de uma pessoa que acha isso possível foge à competência da ciência, principalmente quando faz parecer a crença em milagres um suicídio intelecutal.

Crer que Deus, sendo o Criador de todas as coisas, inclusive da matéria, tenha condições de interferir nela, é uma afronta à razão? Aliás, o fato mesmo de crer em Deus não se constui por si só um atentado contra todos os pressupostos da ciência? A existência de Deus pode ser aceita racionalmente? Para os que submetem sua compreensão do mundo, da vida e da existência àquilo que a ciência estabelece, a resposta é não.

Todavia, graças a Deus, a ciência não é dona da verdade, muito menos juíza das consciências. Antes que a Bíblia existisse, ou qualquer outro livro de caráter religioso, os homens já manifestavam apreender os conceitos de eternidade, transcendência, divindade, etc. E mesmo depois que a ciência evoluiu, requisitando para si o papel de única fonte de explicação para todas as coisas, aqueles conceitos continuam a permear a mente dos habitantes da terra. A ciência não consegue provar sequer a origem do homem, ancorando-se numa teoria. Além do que, como disse alguém, o surgimento do homem sobre a terra é objeto de estudo muito mais da História do que da Biologia. E a narração histórica temos na Bíblia, não temos?

Conta-se uma anedota segundo a qual uma senhora cristã, ao ser indagada acerca do fato de ela crer numa bobagem como a afirmação bíblica de que Jonas foi engolido por um grande peixe (uma baleia, segundo interpretação popular), respondeu: “Se a Bíblia dissesse que Jonas havia engolido uma baleia, eu acreditaria!”

Um lembrete: o título dessa carta, cara Milene, não é porque penso ter sido a pessoa que escreveu o texto ao qual você se refere em sua carta ”A um amigo pensador...”. Aliás, gostaria de saber o nome do autor e o título do texto que escreveu.
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