Onde ficará esse estrénuo mar, essas tranquílas águas levemente ondulantes onde os espíritos se sentem em corpo de anjos?... Já ali, ao passar da linha do nosso próprio horizonte, após o encorajante impulso que todos poderemos tomar em qualquer momento, o mar da suavidade aguarda-nos se nos humildarmos e conformarmos com as vicissitudes da existêcia. E isto que é tão fácil de eventuar, não é na prática tão difícil de alcançar como parece.
Os tempos decorrentes perpassam por atmosfera enegrecida. O desalento, muito mais pesado na ambiência dos idosos, fustiga a humanidade hodierna, vindo nas notícias que quotidianamente adensam o mundo de pànico e inquietação. A luta para garantir o futuro, entre os mais novos, é diabólica, imparavelmente fatigante e renhida. Aos jovens até dá ideia que envelhecem mais cedo.
É necessário saber interpretar o tempo da natureza, vislumbrar como ela executa seu ciclo para lograr cumprir-se a si mesma. Os indivíduos que melhor absorvem e detectam as circunstàncias do seu meio, são também os que mais e melhor conseguem implantar suas vidas.
Ninguém espere alcançar o mar da suavidade sob a égide de outrem. As excepções não confortam a enorme maioria que procura tão almejado destino. Hoje mais do que nunca as pessoas sentem o isolamento das grandes cidades. As multidões impressionantes, num ápice, provocam a desencantada vertigem da solidão, da indiferença, do vazio latente nas grandes metrópoles, onde a solidariedade é sentimento quase nulo de todo. Há um "salve-se quem puder" que nos assusta.
Todavia, em rota bem e cuidadosamente projectada, o mar da suavidade não fica assim longe...
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