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Teses_Monologos-->E os leitores precisam da Bíblia -- 29/01/2003 - 16:12 (José Pedro Antunes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O Ano da Bíblia começou
por Elisabeth von Thadden (DIE ZEIT 04/2003)
trad.: ZPA


É claro que bastaria tão-somente o primeiro livro de Moisés para se ter leitura para uma vida inteira. 60 páginas comprimidas, falando de enlouquecimento, fratricídio, dilúvio, extermínio, promessa, traição. Mas o restante das Sagradas Escrituras, uma vez que se tenha começado, são de leitura quase automática. E isso porque, apesar de todas as catástrofes e atrocidades, em nenhuma outra obra o ser humano se dá tão bem quanto neste livro, que conta a história de Deus na companhia dos homens.

Mais ou menos assim formulado, seria este um texto de propaganda passável para o Livro dos Livros numa sociedade secularizada?

A Bíblia e o conjunto das Sagradas Escrituras do Velho e do Novo Testamento, de acordo com a tradução de Lutero, são aproximadamente 1200 páginas que deveriam falar por si mesmas – se este livro não ameaçasse cair como uma luva em todos os escaninhos da sociedade cosmovisionariamente plural, que, sabe-se, não lê com muito prazer.

Mas, enquanto não deixa de haver lobbies mundanos para as "Metamorfoses" de Ovídio ou para a "Ilíada", para o "De rerum natura" de Lucrécio ou para os épicos da antiguidade francesa, a dizer aos leitores que, sem tais leituras, a vida os veria passar muito mais empobrecidos, os que falam em favor da Bíblia se acham, e não sem razão, sob suspeita de ideologia.

Pois quem haveria de querer afirmar que a Bíblia muito simplesmente não passa de um insubstituível patrimônio cultural? Isso ela também é, mas não convém exagerar nos retoques cultivados. O protagonista deste livro, em todo caso, é Deus. O uno, o único. Que age, que se manifesta, promete Redenção e, quando muito, possui uma capacidade discursiva limitada.

Com efeito, não foram agremiações teórico-literárias, mas sim as igrejas e uniões cristãs a proclamar o ANO DA BÍBLIA, simulataneamente festejado na Alemanha, na Suíça, na Áustria e na França.

Somente na Alemanha, a coisa deve sair por volta de 2,2 milhões de euros e será um evento interminável: spots televisivos, newsletter e entrevistas com eminências, incontáveis promoções principais e paralelas, roteiros bíblicos, online-shop, 121 mil links na net e uma edição de um selo especial, para o qual o Ministério das Finanças do Governo Alemão, em sua website, encontrou palavras encomiásticas: "O Ano da Bíblia 2003 deve fortalecer a consciência em relação a este livro grandioso e contribuir para que a energia irradiadora do ‘Livro dos Livros’ seja descoberta". No mínimo, um porta-voz inesperado.

Mas mesmo que os textos de propaganda para o Ano da Bíblia dêem nos nervos com o adjetivo "cristão" compulsivamente repetido (ao passo que praticamente nada consta das Sagradas Escrituras dos judeus, como se esse Deus não tivesse selado a aliança com Moisés); e ainda que não se queira ver o Ministério das Finanças envolvido na coisa e nem saber de leitores da Bíblia como Bertolt Brecht, Sigmund Freud, Thomas Mann e Heinrich Heine o tempo todo explorados como prova de sustentabilidade cultural: É isso mesmo – a Bíblia precisa de leitores. E os leitores precisam da Bíblia.
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