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Cordel-->AIMBERÊ, O GRANDE CHEFE TAMOIO -- 15/01/2008 - 06:37 (pedro marcilio da silva leite) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
AIMBERÊ, O GRANDE CHEFE TAMOIO


Branco, seria do exército um general
comandando soldados nas batalhas.
Mas era guerreiro, índio e canibal
que os perós lhe queriam vestir mortalha.
Depois da sua terra sofrer a invasão
queriam, promover a escravidão
mas o índio não poria cangalha.

Aimberê, grande guerreiro Tupinambá
usaria de astúcia, sapiência e valentia
para contra o invasores ibéricos lutar,
sem descanso, sem perder a galhardia.
Contra o invasor, uniria os guerreiros
leais e os valentes do Rio de Janeiro
para lutar sem trégua, por noites e dias.

Pode ser até que mais tarde, na história
digam que os índios eram muito preguiçosos
contando mentira para lhes tirar a glória
mas, já dizia Cunhambebe, são mentirosos.
Chegavam aqui os portugueses degredados
que na sua terra já tinham sido condenados.
Os índios, estes da liberdade, eram ciosos.

Vamos, de Aimberê, neste cordel contar.
Um grande momento do povo brasileiro,
neste guerreiro que passou a comandar
as tribos que aqui chegaram primeiro,
cultuando a justiça, a liberdade, o amor
e lutando com inteligência e destemor.
Na guerra e na paixão, foi leal e verdadeiro.

Brás Cubas, da cidade de Santos fundador,
a aldeia de Uruçumirim destruiu
pois era dos nativos, cruel caçador,
mensageiro da morte que aqui surgiu.
Saindo de São Paulo para estas paragens
que no Rio de Janeiro de belas paisagens
à sua frente, o que encontrou, destruiu.

Até o cacique Cairuçu, pai de Aimberê,
prisioneiro, foi levado para São Vicente
na fazenda que Brás Cubas gostava de mexer
com gado, cana-de-açúcar e sementes.
Espalhando escravos na sua plantação
em trabalhos cruéis até a exaustão
que na dor, nem o descanso consente.

Aimberê, um plano ambicioso arquitetou
quando feito prisioneiro depois de capturado
por quem era dos indígenas, o terror.
Ficou revoltado, mas tinha plano traçado:
no funeral do pai que havia morrido
não suportando o trabalho exaustivo,
eclodiria a grande rebelião dos escravizados.

Usando de estratégia astuciosa, conseguiu
mobilizar outros índios, durante o funeral
quando em pleno ato fúnebre, a revolta explodiu.
Os escravos libertos em atitude capital
saíram eliminando muitos portugueses
como, com eles foram feitas muitas vezes,
sem diferenciar os do bem e os do mal.

Conquistando a liberdade, saiu pelas matas
arregimentando aldeias e caciques valentes.
querendo os melhores guerreiros, a nata,
para concretizar o plano que tinha em mente:
criar entre os tamoios a Confederação
que sem trégua, lutaria contra a escravidão,
mostrando dos índios, a garra de sua raça.

Seu primeiro aliado foi Pindobaçu
pai de Camorim, seu amigo e guerreiro
e da sua grande paixão, Iguassu,
que encontrou em pranto derradeiro.
Chorava o filho, pelas costas assassinado
por caçadores de índios abrutalhados,
covardes escravocratas e carniceiros.

A morte de Camorim a todos revoltando
partiram de tribo em tribo em peregrinação
e aos chefe guerreiros convocandos
para juntos lutarem pela Confederação.
Em Angra dos Reis,Cunhambebe aderindo
o poderio português já estava ruindo
só ao saber que seria o chefe da união.

Unidos, grandes chefes como Pindobaçu
Jagonharo, o grande articulador Aimberê,
Grão-Palmeira,e seu filho guerreiro Parabuçu
a terra nessa parte do mundo iria tremer.
Aliados como Coaquira, bravo deUbatuba
Araraí e outros que entraram na luta
muito mais que tremer, fizeram a terra arder.

Os Tamoios por doze anos de Confederação
em que lutaram sem trégua, bravamente,
foi da luta indígena, a primeira organização
lutando estratégica e organizadamente
para evitar que os canhões, uns assombros,
reduzissem as terras dos índios a escombros
acabando com a vida nativa completamente.

Usando de estratégias ousadas e perigosas
muitas vezes por serem mais, numericamente,
invadiam fazendas armadas e poderosas,
com tanta fúria vingativa que cruelmente
matavam, moqueavam, deixando morrer
de forma vil quem nem podia entender,
desse jeito, uma guerra em suas mentes.

Chegando a um plano da guerra que travavam
por tantos reveses aos perós impingidos
que estes sentindo-se perdidos, logo acenaram
para um acordo, como se fossem amigos.
As tribos se reuniram para o caso tratar
embora a desconfiança tinha assento no lugar
e havia a certeza de que eram inimigos.

Cunhambebe, que há pouco havia falecido
ardendo na febre que fora contaminado
não em batalha, pois nunca havia perdido
mas na doença que os perós tinham disseminado
não pode ao guerreiro amigo Aimberê ajudar
mas este, outro gigante, soube comandar
não deixando que aos invasores ficasse barato...

as negociações foram muito complicadas
pois os caciques estavam divididos.
Uns queriam a guerra total, sem parada
já que o inimigo estava enfraquecido.
Mas todos querendo a paz e a liberdade
só desconfiavam, dos perós, a hombridade
pois na fé muitos índios já haviam morrido.

Sem cerimônia, à Igreja Católica recorreram
com a ajuda de dois padres xeretas
que vieram para interceder e intercederam:
o Manoel da Nóbrega e o Anchieta.
Padres sabedores da suas certezas
de favorecer, sempre, a coroa portuguesa
mas Aimberê não gostava de mutreta

Depois de volta e reviravolta havidas,
de armadilha, cilada, injúria e traição,
quase sempre no risco da própria vida,
chegaram num acordo, numa conclusão:
parar a guerra e os prisioneiros devolvidos
mesmos os que morreram,menos os comidos,
os maus espíritos e as almas em penação.

Aimberê, ia nas fazendas libertando escravos
e consciências para o tratado ser cumprido.
Que os perós, não eram de cumprir tratados:
o grande chefe Cunhambebe já havia tido.
Os franceses, aos índios ficaram em união
de interesse, amizade, bravura e coração,
mesmo depois de muito avaliarem o perigo.

Foi um breve momento de felicidade
desde quando os brancos aqui chegaram
com suas ambições, velanias, falsidades,
sujando a mata com os males que trouxeram.
Agora, na paz com os amigos franceses
em comércio de recíprocos interesses
era uma vida melhor, que sempre quiseram.

Até que a calmaria foi interrompida
e a guerra em Ubatuba, recomeça.
Com Brás Cubas, senhor da morte e da vida
a Paz, sem a menor chance, tropeça.
O Brasil inicia assim sua colonização:
com dor, sangue, morte, ódio, traição
sem nada encontrar que a isso impeça.

Chegando ao Rio de Janeiro, Men de Sá
em 1567 com muitas Caravelas e Galeões
para com índios bandeados e Estácio de Sá
cumprir com vilania e sangue suas missões.
Em janeiro deste ano, o genocídio cometido
nesse país, jamais poderá ser esquecido:
Dores de hoje têm no passado as explicações.

Acreditando que a guerra estava perdida
que diante do poderio militar não haveria vitória
Aimberê pede a todos para salvarem suas vidas
não lutassem nessa luta cruel e inglória
mas todos resolveram até o último índio lutar:
aclamando Aimberê,não se deixariam escravizar.
deixando para esse país, exemplo e história.




TUPINAMBÁS — O MASSACRE DE UM POVO

Após um ano do tratado de paz os portugueses violaram o acordo voltando a caçar índios para o trabalho escravo sem protesto dos Jesuítas. Em São Vicente as aldeias eram atacadas e desapareciam na voragem das chamas. Cadáveres nas selvas e nas praias, atestavam o barbarismo do colonizador. Os Tamoios resolveram responder à altura.
Chegando de Lisboa com uma frota de galeões armados e municiados , Estácio de Sá entra na Baia de Guanabara com cerca de 1500 soldados e índios Termiminós que Araribóia, traindo seu povo, trouxe do Espírito Santo. Ele conhecia a capacidade de Aimberê, o chefe das tribos que formavam os Tamoios.
Houve o primeiro encontro com a superioridade em armas dos portugueses. Aimberê com 1500 guerreiros e 160 canoas não conseguiu resistir às bocas de fogo que faziam saltar com um tiro vários barcos, obrigando a recuarem. Desembarcando nas praias os portugueses passaram a incendiar canoas, matando famílias inteiras e destruindo embarcações. Entretanto, Aimberê resistia.
Era o dia 20 de janeiro. Centenas de portugueses e Termininós foram ao encontro dos bravos Tamoios . Milhares de flechas cruzaram o céu ao ribombar dos canhões e tiros de escopetas. Os combates corpo a corpo deixaram as águas da Guanabara tingidas de sangue. Nas praias jaziam corpos de índios e portugueses que as ondas teimavam em sepultar.
Após 48 horas de combate estava arrasado o último reduto dos Tamoios. Seus chefes estavam mortos. Aimberê, Igaraçu, Pindobuçu e seu filho Parabuçu, o bravo francês Ernesto e sua mulher Guaraciaba tiveram suas cabeças cortadas e espetadas em estacas por que, segundo Anchieta: “Daquela raça maldita de Tamoios, nada haveria de subsistir nas terras conquistadas pelos portugueses”.
Estácio de Sá, o principal comandante do massacre foi ferido naquele dia 20 de janeiro por uma flecha, e morreria um mês depois. Seus ossos foram exumados e se encontram hoje na Igreja de São Sebastião (dos Capuchinhos) no Rio de Janeiro.
Quanto aos ossos de Aimberê, diz Aylton Quintiliano, quem os descobriria nos corpos degolados, massacrados, mutilados e esquartejados, por colonizadores “cristãos” da estirpe dos Mem de Sá, Estácio, Anchieta, Pedro Leitão e traidores como Arariboia?.
“Os ossos de Aimberê ficaram sepultados no coração e na memória de todos os verdadeiros patriotas que amam esta terra maravilhosa”.
GUILHERME PERES
escritor e historiador




Pedro Marcilio é autor dos cordéis:
Dora, a Rainha da Buchada de Bode
no Forró da Feira de Duque de Caxias;
Darcílio, o Santeiro de Caxias;
Só Cascudos, Moto Clube de Caxias;
Montes, Carioca de Nascimento, Caxiense de
Coração, Cidadão do Mundo; Martha Rossi,
A Professora Nota 10 de Caxias;O Brasileiro Cunhambebe.
O Caminho do Ouro em Duque de Caxias.
Como memorialista vem contando
fatos de sua vida e de Caxias
em Crônicas da Minha Aldeia,
acontecidos a partir dos anos 50,
cuja obra já se encontra no sexto volume.
Artista plástico,
cearense de nascimento
e caxiense de paixão,
pode ser encontrado nos sítios:

www.pmarcilio.kit.net.
www.usinadeletras.com.br





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