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Contos-->Um dia qualquer -- 16/06/2004 - 11:18 ( Alberto Amoêdo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O ônibus estava lotado e a chuva lá fora caia sem parar.Os carros passavam uns dos outros como se estivessem todos a colocar a alma na curva “Tamborello”, ou a cruzar a linha de chegada, ao final de cada sinal, ou cada parada.
D. Euzandira, num daqueles dias, que parecem curtos para resolver as coisas, entrará no lotação às pressas.A coitada nem sabia direito o que pensar.Tanto que passou pelo cobrador, rolou a roleta e esqueceu de pagar.
Dentro da lógica, ela foi advertida educadamente, o que é difícil, nas conduções atuais.
Ainda atônita D. Euzandira procurava um lugar para assentar, possibilidade inútil, já que o ônibus estava com gente saindo pelo ladrão.
Empurra, empurra daqui, empurra, empurra dali, alguém se compadeceu daquela senhora de quase sessenta anos, cabelos negros ainda resistentes ao branco, e cedeu o seu lugar, ao lado de outra senhora, de mais ou menos a mesma idade, mas pela aparência sofrida, talvez um pouco mais nova, que nem se quer, se deu ao desfrute de virar o rosto para o lado, e olhar quem chegava para sentar, pois calada estava, calada permanecerá. O que já é até comum em nossos dias.
Enquanto pensava nos seus afazeres, enumerando-os paulatinamente, ao redor, as situações adversas chamavam a atenção de todos. O mesmo cobrador educado soltava um palavrão para uma moça, por causa de dez centavos, que era retribuído com outros nomes de mais baixo calão.
Adiante alguém pisava no pé de outrem, que revidava com um brusco empurrão, e alguns verbos de destratarão, o motorista, por sua vez freava para não colidir com outro carro e berrava pela janela, bárbaros nomes, na intenção, talvez de ferir o outro motorista, que errou por falta de atenção.
Sem falar que em cada parada era um Deus me acuda, pois cada freiada a quem estava em pé parecia uma levada louca, a quem estava sentado parecia por o filho pela boca.
Entre idas e vindas, se aproximava da praça da Bandeira, foi quando D. Euzandira se deu conta, que tinha que saltar na próxima parada. Em seu desespero levantou-se atabalhoada, na intenção de puxar a adriça da sinaleta e não a encontrou.
Sem perder mais tempo gritou: - Hei motora para na próxima para mim!
E correu sob os olhares atentos e as reclamações a contento, enquanto ela passava no meio daquela multidão.Quando ela ia descer, lembrou de sua bolsa.E com um pé lá fora e outro dentro do ônibus apelou ao motorista: _ Moço, por favor, esqueci a minha bolsa!
Outro empurra, empurra até que ela chegou na cadeira em que estava sentada. Em seu lugar havia um moço e ela perguntou:- Moço você não viu uma bolsa aqui.
Ele respondeu: - Não senhora!
E em seguida perguntou a senhora que estava do seu lado, antes de descer:
- A senhora não viu a bolsa que estava aqui?!...
A senhora que lá estava, feito pedra, com umas sacolas imensas, nada disse.
Mal negou com a cabeça.Insatisfeita D. Euzandira gritou ao motorista:
- Motora meu filho, a minha bolsa sumiu!
Enquanto todos murmuravam situações adversas, como chegar atrasado no trabalho, ter que ir ao médico, o motorista, que estava erguido em cima do capú, barbado e com uma camisa rebeldemente aberta fechou as portas e gritou: -Vamô lá gente devolvam a bolsa da senhora.Se não todo mundo vai para a delegacia!...
Por um segundo, pensativa D.Euzandira lembrou-se do seu celular e correu com o motorista para deixá-la descer e ligar de um telefone público, que estava em frente a parada.Só que de tanto nervosismo, a pobre senhora não conseguiu discar os números.Foi ai que o motorista pediu-lhe o número e disse ao cobrador:
-Menino ligue para esse número 9115-3000!
Os passageiros já impaciente, a chuva mais forte caindo, outros passageiros querendo entrar, o calor intensificando e outros ônibus atrás, sem entender, buzinando.
De repente o celular começou a tocar, pondo fim nas discussões, nas impaciências e logo um suspense tomou conta.
Trim...Trim...Trim...Seguindo o som D. Euzandira, andou alguns passos, olhou, olhou e fitou uma sacola de supermercado, enfim descobriu a bolsa dentro da sacola da senhora que estava ao seu lado, que séria nem se quer se desculpou, ou olhou para o lado.
Logo todo mundo começou a gritar, a xingar e a fazer aquela algazarra.
O motorista perguntou se D. Euzandira queria registrar queixa na polícia, mas ela disse que não, desceu do ônibus agradecida ao motorista, a Deus e a todos que ali se compadeceram.
Na outra parada, sem dizer nada, aquela senhora, que estava com algumas sacolas desceu.
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