O POETA E O MENESTREL
Pobre poeta escrevia
Seus versos na solidão,
No seu penar mal sabia
Que alguém cantava a canção
Canção de amor, de saudade,
Canção de fugas e beijos,
Canção de uma cidade,
Canção mostrando desejos
O menestrel nem sonhava
Que a palavra escrita
No vento se desenhava
Uma paixão circunscrita
E o poeta vivia
Entre suspiros, delírios
E em cantos simples dizia
Que a existência são círios
Os dois viviam distantes,
Abrindo opostas janelas,
Cantando tons diferentes
Como ruas paralelas
Assim passou tanto tempo
Sem que cruzassem os destinos,
Devido a tal contratempo
Não houve som, canto ou hinos
Um dia, os dois se encontraram
Numa manhã de perfume
E entre rosas cantaram
Cantiga que hoje os une
Canções de dor, de paixões,
Canções de sol, de luar,
Canções de dois corações,
Canções que falam do mar
© Fernando Tanajura Menezes
(n. 1943 )
(in Dos beijos - Editora Blocos
Maricá/RJ - 1999)
http://tanajura.cjb.net |