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Erotico-->1. UMA HORA DIFICULTOSA -- 07/09/2003 - 07:38 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

O amigo protetor desejava evitar que Plínio caísse em tentação e envidava esforços para que desconfiasse de que, apesar de simples, a transferência de valores da empresa para sua conta particular iria causar-lhe transtornos no futuro.

Plínio lutara por mais de vinte anos para obter a confiança dos patrões, alcançando um posto de prestígio mas de parca remuneração, segundo suas altas ambições.

“Fujo para o Nordeste, mudo de nome, faço operação plástica, abandono a família que está a devorar-me pelos pés, vou viver à larga, casas na cidade e na praia...”

Lembrava-se de um desenho animado em que a personagem repetia: “Mulheres, iates, mulheres, mansões, mulheres...”

Passava-lhe pela memória a figura graúda e mórbida da esposa e dos três filhos devoradores de salários.

“Aos quarenta e sete, é uma ótima oportunidade para fazer vida nova. Não vou cair nas amarrações do casamento e da paternidade. Tenho a experiência que aos vinte significou a derrota para o trabalho de toda a vida.”

Saldanha, no outro plano, insistia nas recordações, a ver se induzia o pupilo à ternura dos primeiros tempos, que se esqueciam pelo peso das responsabilidades não compartilhadas, agora que os filhos saíam da adolescência, sem qualificações profissionais, viciados, preguiçosos e prepotentes. Gostavam da vida regalada das drogas e suprimiam quanto encontrassem de valor em casa, para o escambo criminoso das esquinas, das praças e das ruas, já à luz do dia, que os bandidos não temem a repressão policial e mandam em seu “pedaço”.

Ao invés de encaminhar os pensamentos para os tempos mais venturosos, Plínio desandava pelas vielas tortuosas da impotência, pondo em desespero o benemérito protetor, antepassado não tão distante que não se visse em débitos antigos, pela falta de cuidados com a educação do afilhado.

“Transfiro o dinheiro para a minha conta, vôo para uma capital do Sul, retiro o dinheiro numa agência de grande porte, abro conta em banco cuja sede seja no Nordeste...”

Pensava que o seus documentos iriam denunciá-lo, porque o sigilo bancário não abarca a simples constatação da existência de conta.

“Se fizer tudo bem rapidamente, tenho tempo, no final de semana, de chegar a Recife... E meu nome? E os números da identidade e do cadastro da pessoa física?...”

Saldanha induzia-o a pensar nos problemas a serem enfrentados. E sussurrava, utilizando o mesmo canal de transmissão que um obsessor empregaria, que, mais tarde, organizado melhor o plano, poderia obter sucesso mais seguro, porque não adiantava passar dois ou três anos na boa vida para ser preso e recambiado a São Paulo, aviltado, sem perspectivas de restauração dos liames familiares que, mesmo precários, lhe garantiam uma comida quente, um leito asséptico e um fim de semana solto nas amizades do clube.

Plínio engavetou a má intenção e pôs-se a imaginar como seria flautear pelas areias cálidas das perfumosas praias que tinha conhecido há dezoito anos, quando levou a mulher, Margarida, em viagem recreativa patrocinada por concurso que vencera na firma.

Volveu os pensamentos para a sorte que um dia o brindara com a viagem de sonhos e se viu, durante aqueles quatro dias, correndo, meio balofo, aos vinte e nove, puxando a já relutante balzaquiana de trinta e um, que não queria molhar-se para não prejudicar...

Nesse ponto, ficou sem saber a que se referir, porque não entendia, positivamente, a maneira de ser e de pensar das mulheres. Sempre tivera por elas um desprezo polido ou um respeito de comiseração, conforme suspeitava no momento das reflexões, sem dar, evidentemente, tais denominações aos fugidios sentimentos, que não se deixavam amarrar ao conjunto de seu saber difuso.

Ia por aí a divagação do funcionário, quando o empregador surgiu no fundo do salão, mesas vazias, colegas almoçando, ele apenas diante do computador ligado à rede telefônica.

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