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Cartas-->"Carta deixada por um suicida amigo meu" -- 20/04/2003 - 22:34 (Tobby Teófilo Teobaldo Túlio Tyler) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Caro Tobby,

difícil para mim foi a tomada dessa decisão. Acredite. Você me conhece desde que éramos crianças. Sabe que eu não sou de me acorvardar diante de desafios. Lembra-se daquela vez que fomos ver Aninha, filha de D. Sindô, tomar banho? Você não quis se arriscar porque era noite, o muro da casa era muito alto e, se caíssemos, o pastor alemão deles certamente nos pegaria. Eu não pensei duas vezes. Subi até o muro e esperei Aninha chegar no banheiro e começar a tirar a sua roupa, peça por peça. Putz, como ela era gostosa. Hoje, passados quase quinze anos, ela está aquela baranga, barriguda, cheia de estrias e celulite. Não Tobby. Decididamente eu não sou covarde. Se fosse, não teria corajem de fazer o que farei daqui a pouco.

Aqui do alto daria pra ver meu pai chegando do bar, embreagado e louco de vontade de bater em mim e na minha mãe. Certamente também daria pra ver o traficante que me fornece, há cinco anos, os bagulhos que eu consumia (e que estou consumindo agora) e que você sempre condenou (e com razão). Mas a única coisa que vejo, Tobby, daqui do alto é a minha total desesperança com essa droga de vida. Não consigo arrumar uma bosta de emprego para ajudar a minha mãe a cuidar do meu irmãozinho doente de câncer. Também não consigo deixar essa porra de vício que tem arruinado com o que sobrou da minha dignidade. Nem mulher arrumo mais. Minha aparência tá uma merda e, como ando liso, não tenho dinheiro sequer para pagar uma puta.

Bem, Tobby. Não quero mais tomar o seu precioso tempo. Daqui vou direto pro telhado do edifício onde moro, e, de lá, não sei pra onde vou parar. Deus, se existir, certamente não haverá de querer um idiota feito eu. O diabo, que sei que exite por experiência própria, talvez, com pena de mim, me aceite como guardião do inferno. Assim, só dessa forma é que consiguirei uma ocupação, né? Porém, temo que ela não seja devidamente remunerada.

Um abraço para você e para aquele seu amigo que você me apresentou semana passada, como é mesmo o nome dele?...Aprígio. Ele parece ser um cara legal, apesar de ser meio esquisito. Soube que foi à guerra no Iraque. Não é que eu adoraria ter ido com ele? Iria pra lutar ao lado dos iraquianos. Talvez hoje não precisasse estar aqui, prestes a encarar à morte por vontade própria.

Gostei demais ter te conhecido. Não deixo nada pra ninguém, mesmo porque não tenho o que nem para quem deixar. Fala pra mãe que eu a amo, e que tenha força para poder cuidar de Renatinho. Peça para ela se separar do escroto do meu pai antes que seja tarde demais. Queria levá-lo comigo agora, nessa viajem sem volta, entretanto, aí sim, faltou-me corajem.

Bem, já vou indo. Quando você ler esta carta, certamente já estarei longe daqui, longe dos meus problemas, mas longe também das pessoas que amo. Perdoe-me por este ato de insanidade, e peça a todos que me tinham alguma consideração que não fiquem bravos comigo. Diga-lhes que esta talvez tenha sido a única coisa de inteligente que fiz durante a minha existência medíocre.

Abraços e beijos do amigo,

Aurélio (também conhecido por Aurélio Pitomba).
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