“Stella matutina... / Bem que vem de Belém... / Currupaco, papaco (....) / Depois acaba a missa / e então os papagaios / voltam, todos, pro mato, / já falando latim...” Cassiano Ricardo.
“Rudá, rudá, / Iuáka pinaié, / Amaña reçaiçu... / Iuáka pinaié, / Aiueté Cinhã / Puxiuera oikó / Ne mumanuára ce recé / Quahá caarúca pupé.” Lamento de Índia Tupi invocando Rudá.
“Os ritos semibárbaros dos Piagas, / Cultores de Tupã, e a terra virgem / Donde, como dum trono, enfim se abriram / Da cruz de Cristo os piedosos braços.; / As festas, e batalhas mal sangradas / Do povo Americano, agora extinto” Gonçalves Dias.
“No outro dia / o sol do lado de fora assistiu missa. / Terra em que Deus anda de pés no chão!” Raul Bopp, História.
Coroa Vermelha
Vermelho cor de brasa,
Cruz de pau-brasil.
Frei Henrique bebe o cálice de vinho,
Os guerreiros nus imitam os gestos do capelão
O sinal da cruz, ajoelhados, as mãos erguidas aos céus...
A nudez, a ingenuidade e a pureza do coração...
Finda o sacro ritual
E começa o carnaval,
O cateretê do paraíso.
Coroa Vermelha
Vermelho de urucum,
Araras vermelhas e brancas imitam o vôo dos anjos.
Pedro Américo, 1.ª Missa.
Frei Henrique guarda os paramentos dourados e brancos,
As índias nuas imitam os gestos do capelão
O sinal da cruz, ajoelhadas, as mãos erguidas aos céus...
Os seios como pomos do éden balançam...
A alegria desmesura-se na dança profana,
A cruz solitária de pau-brasil
Está apinhada de papagaios assistindo a festa americana.
Porto Seguro, 26/04/2000
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