Tentei permanecer calado
Mas meu silêncio falou tão alto
Que acordou o buquê de palavras
Adormecidas na minha boca
Acionou uma torrente louca
De tudo o que eu tinha pra te dizer...
Tentei ignorar meus sonhos,
sentimentos, devaneios mais risonhos.
Acordei com os olhos rasos, dor-de-cabeça,
A boca seca, temendo que você me esqueça.
Tentei não dizer que te mao, por indevido,
Tão inconveniente (atrevido!),
Mas não posso negar a mim mesmo,
E nego, seguindo sozinho, tão a esmo...
Tentei te perder no tempo, suave e difusa,
Mas tudo o que realizo é minha mente confusa,
Nó na garganta, peito apertado, laços em perigo.
Entre morrer e te perder, prefiro ficar teu amigo.
Me perdoa se não consigo ficar calado, quietinho,
Mas tão apagado, apegado ao meu paninho...
É que ousei me dizer (de leve), bem baixinho,
Que talvez eu te ame bem mais que um pouquinho.
É melhor que eu retorne ao estado de contenção,
Navegando em silêncio, embotando a emoção,
Evitando os recifes e medindo o meu calado,
Mas te tendo, feliz, tão quase ao meu lado...
(09/12/1999) |