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Artigos-->I. A.: I N T E L I G Ê N C I A A R T I F I C I A L -- 10/01/2001 - 23:36 (José Pedro Antunes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Última obra-prima de Kubrick?



De Marc Hairapetian (SPIEGEL ONLINE, 08/01/2001)

Tradução de José Pedro Antunes



Steven Spielberg concretiza o último projeto de Stanley Kubrick "I. A.: Inteligência Artificial". O produtor executivo e cunhado de Kubrick, Jan Harlan, oferece um panorama exclusivo do que se pode esperar da última obra-prima do visionário diretor.





Já é a maior sensação do verão cinematográfico que se aproxima: Desde a realização de "2001 - Uma odisséia no espaço" (1965-68), é para o projeto "I. A.: Inteligência Artificial" que se voltam não apenas as maiores expectativas dos fãs da ficção científica, como também das pessoas ligadas ao cinema. Pois, no mágico ano-Kubrick, depois da terminal viagem errática de "De olhos bem fechados", deve acontecer ainda uma derradeira obra-prima do diretor falecido em 07 de março de 1999. Um paradoxo? De forma alguma, pois, postumamente, ninguém menos que Steven Spielberg completará - para o amigo por ele altamente reverenciado - um trabalho ao qual, por mais de duas décadas, Kubrick intensivamente havia se dedicado.

"Com Spielberg, o grande conto de fadas do futuro, na melhor tradição das Histórias de Robôs" de Isaac Asimov, está em boas mãos", explica Jan Harlan, que, de "Laranja Mecânica" (1970/71) até "De olhos bem fechados" (1999), foi o produtor executivo desse cineasta verdadeiramente único em sua aspiração à autonomia artística absoluta. Também na adaptação do roteiro para "I. A.", ainda terminado por Kubrick e provido de um storyboard, ele torna a atuar como "executive producer": "Juntei todo o material e o enviei a Steven; só desenhos de Stanley havia mais de 1000. Em março do ano passado, tudo isso chegou ao ponto."

"I. A." baseia-se na short-story "Supertoys Last All Summer Long", do veterano da SF britânica Brian W. Aldiss, de apenas nove páginas e por muito tempo ignorada no universo de língua alemã. Tudo se passa num tempo em que os robôs possuem mais sentimentos do que os seres humanos. Só pode ter mesmo despertado ardente interesse num cineasta como Kubrick, avesso à publicidade mas desprovido de timidez, que apenas muito raramente, ao que se sabe, deixava sua propriedade inglesa "Childwickbury Manor", povoada por membros da família (inclusive inúmeros cães e gatos), ele que, com o computador de bordo HAL 9000, de "2001", criou o protótipo da máquina cheia de sentimento, mas também vingativa em seu egoísmo.

Já em 1982, o perfeccionista incorrigível havia assegurado para si os direitos de filmagem e, anos a fio, paralelamente a "Nascido para matar" e "De olhos bem fechados", ocupava um time de especialistas com o aperfeiçoamento dos efeitos especiais baseados na técnica do ILM. Afora isso, a partir de 1990, engajou o escritor Ian Watson, que, numa ação periférica, trouxe à tona, quase como num exorcismo, um cenário de pesadelo global: Com o derretimento da calota polar, muitas cidades costeiras estão ameaçadas por inundações. Sistemas de computadores providos de inteligência artificial devem deter a catástrofe, mas ao final acabam combatendo seus criadores, ou seja, a humanidade.

"Por muito tempo ocupou-se Stanley com I. A. , tendo-o reiteradamente engavetado, porque a técnica - para a transposição é necessária uma quantidade inacreditável de trabalhos de computação gráfica - absolutamente ainda não havia chegado tão longe. A princípio, portanto, pressa não havia", assim Jan Harlan, que vive em St. Alban, nas proximidades de Londres, ao esclarecer a história do surgimento do projeto. Com o seu colega diretor Spielberg, Kubrik falava com freqüência sobre "I. A.". "Era, assim, uma das típicas amizades telefônicas de Stanley Kubrick. Com as pessoas certas, este podia falar uma eternidade. Era um homem muito cosmopolita e não vivia de preconceitos. Era o contrário de um pequeno-burguês." Desse modo, Harlan procurava desativar o clichê de que Kubrick seria um eremita excêntrico.

"Por certo tempo, eles pensavam realizar o filme juntos. Stanley alimentava forte esperança de que Steven o faria, porque sempre o havia tido como o mais indicado; para essas coisas, era dono de um instinto saudável. Mas quanto mais recebia notícias sobre os jogos eletrônicos mais recentes, com mais for;a ainda o filme o arrebatava, e ele afinal quis mesmo fazê-lo sozinho."

Agora, Spielberg conduz até o final o trabalho de seu modelo ("Nós todos vivemos na sombra Kubrick"). A concretização cinematográfica de "I. A." será mantida em segredo, semelhantemente ao que ocorreu com relação aos tempos de Kubrick. O administrador do espólio, Jan Harlan, escolhe a dedo os jornalistas com os quais conversa. Sobre coisas ligadas ao conteúdo do filme, compreensivelmente, ele não quer adiantar muito. No centro dos acontecimentos, encontra-se uma criança criada artificialmente, que luta ferozmente pelo amor de seus pais humanos. A seu lado, um igualmente artificial ursinho Teddy. No cartaz do filme, em que a alva silhueta do menino forma o "I", enquanto por trás da letra "A" se esconde a sua sombra, se lê: "David tem 11 anos de idade. Pesa 60 libras, tem 4 pés e 15 polegadas de altura, cabelos castanhos. Seu amor é real. Mas ele não é."

Elenco e equipe técnica são de primeira linha: o astro-mirim Haley Joel Osment ("O Sexto Sentido") incarna a criança-robô. Sua "mãe" é representada por Frances O Connor ("Mansfield Park"). Jude Law ("O talentoso Ripley"), no papel do gigolô Joe, oferece uma espécie de Pinóquio do século 21. Como narrador, Robin Williams. Por trás da câmera, está Janusz Kaminski ("O retorno do soldado Ryan", "Amistad"). E, pela trilha sonora orquestral, o responsável é John Willians, que foi o mais freqüente compositor das trilhas de Spielberg. Os trabalhos de filmagem tiveram lugar, entre 17 de agosto e 18 de novembro, no estúdio da Warner Brothers em Culver City (Califórnia) e em locações originais em Los Angeles, Long Beach e no Caribe. "I. A." está agora em fase de pós-produção, mas até aqui não se divulgaram quaisquer tomadas fotográficas. A estréia, nos Estados Unidos, está prevista para 29 de junho. Na Europa, o público terá de aguardar com paciência até o início de outubro.

Para a concretização do ambicioso projeto, a Warner Brothers e a Dreamworks, de Spielberg, estabeleceram uma cooperação: "Naturalmente, Steven é produtor e diretor, mas ao mesmo tempo é e continua sendo um projeto de Stanley. Por isso, ele se chamará: "Uma produção de Stanley Kubrick realizada por Steven Spielberg", é o que detalha Jan Harlan, que está trabalhando, ele próprio, numa documentação da obra de Kubrick. Ela contém muitos fragmentos de filme até aqui não mostrados ao público, filmagens em caráter privado bem como entrevistas com a esposa Christiane e com seus companheiros de batalha, como Jack Nicholson ou Sydney Pollack, e deve ser distribuída pela Warner no final do ano, por TV, DVD e vídeo.

O receio de que Spielberg, um homem da rotina do cinema, possa tornar aguado, a ponto de torná-lo irreconhecível, o material do visionário Kubrick - ele que costumava trabalhar de forma lenta e metódica -, é desfeito por Harlan, com a ressalva de que os acréscimos de Spielberg ao script seriam "extraordinários": "Stanley teria aplaudido, sobre isso, absolutamente, nenhuma dúvida! Pode ser que, nas mãos de Kubrick, o filme tivesse se tornado muito mais sério, mas não se trata na verdade de estabelecer juízos de valor."

Quem não agüenta mais esperar por "I. A." pode rejubilar-se com o Festival de Cinema de Berlim (Berlinale) deste ano. De saída, dois marcos da carreira de Kubrick podem ser vistos em fevereiro como "special screenings": Por um lado, o anti-bélico "Caminhos para a glória" (Wege zum Ruhm), surgido na Alemanha em 1957, a cuja estréia esteve ausente o convidado de honra, Kirk Douglas. Por outro lado, a versão restaurada da ópera filosófico-espacial "2001- Uma odisséia no espaço", que contém um prólogo adicional sobre uma outra forma de "I. A." - neste caso, trata-se mesmo de uma "inteligência extra-terrestre".



[Para quem quiser conferir o cartaz do filme:



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