A Obra de Arte Na Época de suas Técnicas de Reprodução (Hipótese Estética)
Para Walter Benjamim e Antero de Quental
Já não sei quanto vale a nova arte
Quando a vejo nas galerias rifadas,
Turva de aspecto, à luz fotografada,
Como chocante pós-tudo encarte...
Sonolento meu olhar se esvai destarte,
Respira fumo e logo embriagada
A artista de alma vasta e agitada
Desfaz-se dos últimos baluartes...
Nossa era irritada e virulenta
Chama à glossolalia experimento,
Verbo ao ruído de fragmentos e caos...
Mas a Arte é no mundo insustentável,
Num céu volátil de ordem fractável...
Tu, sentimento, não és mar, és nau... |