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Contos-->O olhar, a sala IV.....O Invasor -- 24/02/2003 - 00:22 (Marli Franco) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A porta da sala esta fechada, o olhar costumeiro se assusta e força o trinco entrando agitadamente.
O assombro ao ver o invasor de costas é assustador. Como se fosse congelada, o olhar verde acinzentado se veste de um brilho verde esmeralda tal a sua surpresa e agitação.
O invasor , não se abala com sua entrada, esta plenamente acomodado a sala é seu domínio , o espaço é território altamente conhecido.
Sua figura ai faz parte tanto quanto as mobílias.
Como um viajante que retorna ao ninho a sala o acolhe como seu senhor no espaço ,sua figura ardente e dominadora.
O olhar esmeralda recompondo-se vistoria a sala e os detalhes para notar se tudo ainda esta presente. Mas apesar de nada faltar , não esta com a mesma composição.
O estilo do invasor tomou posse da sala e ela permitiu toda a mudança servilmente e ainda regozija com sua presença.
O vento esta lá namorando a cortina, o sol lá fora olhando ciumento sem poder entrar.
A arca esta formosa com as gavetas reviradas sorrindo ao invasor que com suas mãos acariciou seus detalhes.
O tapete continua estagnado sustentando sua musa a mesa, que no momento só tem olhos para servir ao invasor segurando suas abusadas irreverências.
O caos esta instalado na mesa, o vaso do centro ficou sufocado fora de foco com a chegada da mais novo inquilino o leptop. Um sujeito moderno desfocado no contexto da sala. Mas que como seu dono é espaçoso e arrogante ,dominador, como um nobre dos tempos atuais.E todo ambiente fica relegado como míseros mortais da classe renascentista da sala.
No resto da mesa potes e mais potes de comidas fastfood misturadas aos talheres de prata e copos de cristais criando um choque espantoso ,parecendo tudo aquilo aos olhos um campo de batalha entre a renascença e o modernismo.
O invasor lá apossado ainda tinha todos os disquetes empilhados ao lado dos potes.
A íris esmeralda senta bem em frente ao invasor, olha-o com faíscas de um ícone renascentista e em troca recebe um sorriso audaz de quem é dono e chegou para brilhar.
A íris pega na gaveta da mesa suas armas a caneta e seus papéis, sentindo o silencio de outrora tem agora o tac-tac do invasor e terá que se acostumar a sala já o acolheu.
Envolvida em um impulso, ela levanta-se pega uma cesta de vime e retira da mesa todos os potes de comida do sorridente piquenique. Coloca o vaso e a toalha em seus devidos lugares dos quais recebe um suspiro de alívio. Retira da arca a bandeja de prata , o cálice de água e a jarra que coloca comportadamente na frente do invasor. Num claro recado que podia brilhar no espaço , mas sem estardalhaços.
O invasor apenas sorri numa evidente resposta de que estava consciente de toda agitação que a íris estava sentindo. E com seu silêncio cheio de palavras continua teclar seu texto vigilante ao respirar da íris. Ele se posiciona na cadeira demonstrando que quem roubou o refugio foi ela e que ele é o senhor da sala.
A íris agita seu brilho, sabe que é verdade; as cartas encontradas na gaveta da arca eram dele repletas de viagens, amores , estudos e desamores, reflexões. Ela sabe que tudo ali é conhecimento dele, os livros dentro do fundo da arca, eram a maior prova com seu nome cravado em letras douradas.
O invasor assente com suas mãos que ela deve permanecer e que seu lugar é exatamente ai perto e distante em horizontes na mesma tábua daquela mesa. As suas mãos não admitem outra posição. Ele a quer assim silenciosa com sua caneta soando apenas o som da virada das folhas.
A íris sente-se fragilizada, acorrentada a vontade do invasor , presa nos grilhões do seu sorriso, despida no movimento das suas mãos audazes. Ela esconde seu brilho de rebeldia abaixando as pálpebras, transporta-se ao papel em uma enxurrada de palavras. O invasor desata em uma sonora gargalhada de vencedor na batalha calada ali travada, entre ele e a íris esverdeada que tanto o instiga.
Ela o olha , brilha em raios verdes de quem se submete no momento instalado, mas agirá dentro das asas da sua liberdade ainda que sejas pequena perante o forte invasor.
O vento se agita na cortina avisando que a hora da lua esta chegando, tem que se despedir da sua amada. O invasor afasta a cadeira e com passos firmes vai até a janela fechando sem perceber as nuanças ali vividas.
A sala entra na penumbra , o invasor conhecedor do espaço ascende a luz dos candelabros e liberta seu sorriso mostrando que vai abrir a caixa de vime.
A íris reage lançando seu brilho na jarra d’água. Ele fecha o sorriso e aceita sua vontade. Vai na arca e abre uma das portas aciona o aparelho de som inundando a sala com uma música de final de tarde.
A íris brilha aprovando e volta mergulhar em sua folha. O invasor se aquieta e senta em seu posto de volta, ao tac-tac do seu teclado.
A íris já mergulhada no ardor da sua fantasia, sabe que o invasor acompanha suas delicadas linhas.
O invasor é altamente encantador, dono de uma inteligência magnifica e consegue atingi-la no seu ponto mais vulnerável.
Mostrando o seu domínio faceiro conquistando-a com as terras riquíssimas do seu texto .
A ela só resta no momento se soltar nas linhas da sua poesia:



A sala honra o invasor
Nas paredes dos papeis viajados
Desvendando os mapas secretos das íris
Perfumes de outrora confinados
No meio de ardentes versos.

O vento dança na cortina da ilusão
Nas mãos do invasor competente
Jogada de um olhar a cintilante íris
Desnudada de suas frágeis letras
Em entregas de flamejantes quimeras.

A arca conjuga a inspiração do invasor
Nas palavras que nascem como estrelas
Descobre nas íris os desejos que o invade
Arfando em beijos emoldurados
Nos braços que se fecham vorazes.

O tapete transporta a recente ilusão
Solicita no encanto de cada verso
As caricias unindo em uma só paixão
Uma só poesia vivida na prosa
As viagens das linhas em ebulição.
Penélope*M*
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