Em meu leito, espero a noite chegar
trevas eternas onde não existe dor
pela última vez, verei o sol se pôr
e uma paz sem fim virá me saudar
O coração, revoltado, pede a conta da vida
e aos poucos se aposenta, fechando meus olhos
cessa, então, o período em que invejei os mortos
e seu repouso eterno sob a laje fria
Não chorarei pelo beijo que me foi negado
ou pelo ombro amigo que jamais veio
uma vez que a memória terá se perdido
Não haverá lembrança de corpos perfeitos
cujos odores e formas me apresentaram ao delírio
trazendo-me dias pouco mais que sofridos.
30 de dezembro de 2004 |