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Poesias-->das coisas pequenas -- 26/12/2004 - 22:35 (Tânia Cristina Barros de Aguiar) |
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escapou o vagalume da varanda
renovo a taça de fresco vinho
- embriagar-me talvez
recolher lembranças
- apenas vê-las transbordantes
passageiras
- o resto já conheço
tudo escapa porque a chuva lava
até a alma mais tonta
tudo escapa
- poucas coisas têm significado
só me importa hoje
o que possa apalpar, cheirar
mordiscar, ver
um dia pleno de realidade
de caminhada ao sol
banho frio na cachoeira
- só coisas pequenas e alegres
se nasce o dia e tem sol
posso andar ao vento
trilhar a mata
mergulhar no poço transparente
coisas gostosas, enormes
prazer no corpo
olhos cheios de borboletas
baratas d água
capim cheiroso
flores miúdas do cerrado
se cai a tarde
dirijo o jeep vermelho ao por do sol
até a varanda onde me quedo
- é fresco o vinho
a companhia é boa
da cozinha nasce o fusilli
ao creme de queijo e manjericão
- saborear as coisas disponíveis
ver na chuva as gotas prateadas do universo
no cheiro da terra molhada
a própria vida a umedecer-se toda
e ofertar a mim - que sou poeta
tantos perfumes, sabores
olhares ternos da noite
coisas enormes
para quem está pequena
como eu
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