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Artigos-->O MÚSICA LIGEIRA: LIGEIRAMENTE GENIAL -- 26/12/2000 - 17:52 (José Pedro Antunes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O MÚSICA LIGEIRA: LIGEIRAMENTE GENIAL





Terno, gravata borboleta, óculos escuros: "pra disfarçar, fugir à perseguição dos autores que - em todos os sentidos - executam". Não sabe o que perdeu, quem não foi ao SESC na terça, 14/11/00. O trio: Mário Manga (voz, celo, violão, guitarra e bandolim), Rodrigo Rodrigues (voz, violão e pandeiro) e Fábio Tagliaferri (voz, viola de arco, violino e violão).

Mário Manga, não fosse o extraordinário arranjador e instrumentista que é, um raro humorista. Nem gestos, nem trejeitos: só no palavreado.

No camarim, já se tramavam os arranjos do CD do Mário Martinez. Arranjador: Mário Manga. Ai de mim, se os MMs ficam sabendo desta inconfidência.

Autores que "executam": uma horda ululante. Não fossem os seguranças, teriam invadido o teatro: Miles Davis, Paulinho da Viola, o marido da Luciana Gimenez & Keith Richard, Ignátio Zatz, Cartola ("todo show de música brasileira tem de ter uma do Cartola", dizia o show-Manga) e, do fundo do baú do pop internacional, Stevie Wonder (nunca os viu!) e um quarteto de Liverpool (obscuro). "É para ajudar na divulgação", explica Manga (You re gonna loose that girl, Eleanor Rigby, Across the Universe e pitadas incidentais de George Martin). Só não precisavam exagerar. Cada qual com as próprias pernas, não é mesmo? O trio pode acabar se queimando.

Grande lance: o resgate do grande Chico Buarque, que não nasceu antigo como quer o Lobão. Rodrigo já nos havia brindado com Desalento e Brejo da Cruz, mas o gran finale caberia a Mário Manga, com A Banda. Depois que os Mestres Cantores (em O amor que pega no tranco) resgataram os "manos" que havia em Drummond e Jobim, só mesmo essa rap-nagem: Mano Chico. Estava à toa na vida e nunca fez por menos: rythm and poetry.

Caetano Veloso, que estava no release, deliciou-se com o inusitado dos arranjos. Para ele, esses virtuoses preenchem lacuna em nossa música popular, com o à vontade das interpretações, a ausência de cerimônia ao escolher repertório, as mil sutilezas e o ar pop-performático.

Mário Manga já vem compondo longa história na MPB. Além da presença em trabalhos de todo um cast de artistas (boa essa!), foi um dos fundadores do Premeditando o Breque, que, de tão íntimo, virou Premê. Na platéia - maestro Luis Piquera à frente - o Coro & Osso de Matão, entusiasta dos breques premeditados.

No show de terça, o trio não cantou com a voz de Márcia Lopes e a platéia masculina ainda ficou sem "as mulheres ali atrás, sete ao todo, uma coisa incrível", segundo Manga. Valorosos, não cancelaram o espetáculo. Profissionais, não decepcionaram a platéia risonha e franca (até demais!). Engraçadinhos insistiam no conversê com o Manga, que não se fez de rogado e esticou o papo (delicioso, por sinal).

Gesto comovente, a dedicatória aos "nossos irmãos do Nordeste" antes do xote-homenagem ao Rei do Baião: "O Fábio tem uma irmã chamada Fábia, em Pernambuco. O Rodrigo, uma irmã chamada Rodriga, na Bahia. Eu, um irmão chamado Mango (vive em São Carlos, mas isso não tem a menor importância)".

Tagliaferri é autor, com Luis Tatit, da música Show, que fez de Ná Ozzetti a melhor intérprete do recente festival de MPB da Globo. Rodrigo, em que pese o riso imperecível ao longo do show (e quiçá de toda a vida), as rugas fixaram residência no seu rosto. Que vida, é ele quem passa o som para João Gilberto! E com a pecha de mau passador (de som), pois o gênio nunca se satisfaz com o resultado. Daí, os óculos escuros. Daria um conto: "Rodrigo Rodrigues, o rapaz que passava o som para João".

O caderno TôLigado trazia, na terça, uma foto da atração. Rodrigo, sorriso escancarado no alto à esquerda (dizem que, se tirar o rayban, sai o sorriso - postiço). Fábio, o do violino (sorriso sardônico em projeto, dizem não engolir Rodrigo, que quer cantar tudo). Abaixo, o gênio MM arremeda a si mesmo em explícitos pzzicatos escalafobéticos. Rir? Isso nunca (um dispositivo, por sob o rayban, mantém-lhe as sobrancelhas em riste, como convém a um cínico-cético-humorista-frio-e-calculista).

Ligeiramente excêntricos-malucos-cômicos, mas, sobretudo, ligeiramente geniais: o Música Ligeira. Quem viu, viu. Quem não viu, azeite. Ouvir em casa? Necas. Ligeiramente esgotado, nem um CDsinho pra remédio.

Que voltem breve, e sempre. Uma ligeirinha que seja, já vale. A gente se refestela.

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