Usina de Letras
Usina de Letras
63 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62191 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10449)

Cronicas (22534)

Discursos (3238)

Ensaios - (10352)

Erótico (13567)

Frases (50598)

Humor (20028)

Infantil (5426)

Infanto Juvenil (4759)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140793)

Redação (3302)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6185)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
cronicas-->No ónibus, a vida corre -- 13/06/2003 - 11:08 (Clóvis Luz da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Outro dia, ao sair da universidade, entrei no ónibus já lotado, e fiquei em pé, olhando as coisas e as pessoas ficando para trás, diminuindo, até sumirem. E é interessante como um fato corriqueiro e aparentemente sem importància como esse póde, num exercício metafórico, trazer à luz várias hipóteses e aplicações. Por exemplo, é de se perguntar se o que está ficando para trás é importante, valioso, a ponto de, a cada instante, fazer surgir no coração um sentimento de saudade pelo distanciamento fatal? Ou, contrariamente, são coisas sem importància, que geram felicidade pelo simples fato de estarem ficando para trás, para longe, ausentes, distantes? Em qualquer caso, o efeito contrário é óbvio.

Se estamos olhando o que é ruim ficar para trás, as coisas que nos esperam na frente, no futuro próximo, merecem nosso suspiro mais profundo. Estamos deixando momentos desagradáveis, discussões tolas, mentiras, desonestidades, falatórios que tencionam diminuir-nos, magoar-nos, ferir-nos em nossa integridade humana. E em casa, ou em qualquer outro lugar onde haja um ser querido, encontraremos abrigo, palavras de carinho, um ombro que nos sustente, mãos que toquem carinhosamente e vozes que digam o quanto somos importantes.

Todavia, se as coisas deixadas para trás, enquanto em sua presença nos alegravam, fazia-nos sorrir e sentir de bem com a vida e com o mundo, não encontram o seu duplo, o seu correspondente, naquilo que nos aguarda à frente, então logo a tristeza pelo distanciamento aumenta proporcionalmente à distància e a alegria diminui na proporção inversa.

Assim é que, no ónibus que nos leva para casa, podemos metaforizar aplicando essas simplórias lições às instàncias mais graves de nossa existência.

Quantos não suspiram pelo dia seguinte porque esperam nele viver o que não viveram hoje? Esquecer o passado e suas lembranças que machucam: foi um marido que traiu a esposa, um amigo que mentiu a outro, um desconhecido que nos ofendeu sem motivo algum, um colega de trabalho que espalhou mentiras a nosso respeito, um pai que não permitiu que o filho optasse pela profissão do seu agrado, uma mãe que interferiu tanto no casamento da filha que fez por acabá-lo, um filho que não ouviu os conselhos dos pais e se tornou um viciado, uma filha que também não ouviu os conselhos da mãe e agora tem que largar os estudos pra cuidar do filho que vai nascer e muitos outros fatos que abrem chagas em nossas almas.

E à semelhança das coisas que, no ónibus, vão diminuindo até desaparecer, queremos que tais ocorrências sumam de nossas vidas, fiquem num passado do qual não possam sair para novamente nos atormentar. Queremos olhar para frente, para os dias vindouros, cuja esperança mesma de chegarem é o que nos motiva a aguardá-los com ansiedade. Nesse ponto futuro quem sabe a esposa não perdoará o marido arrependido por tê-la traído? Quem sabe nossos amigos provem que lhes somos preciosos? Quem sabe os filhos que se viciam busquem e tenham em suas famílias o apoio necessário para abandonar o vício? Quem sabe a menina que vai ter um filho não encontre um apaixonado pai para a criança, que pode ser, por que não, o biológico? Quem sabe...
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui