Menino de Rua
Gilberto Bertolucci*
E depois...O que fazer? Como agir?
Ele vive entre nós, às vezes o notamos,
Sabemos ser frágil, carente, sozinho,
Sem ter em seus dias presença de um ninho
Caminha nas vias, nas praças, junto ao comércio
Tem sede, tem fome, arrisca um pedido.;
Olhar duvidoso, com marcas de dor.
A noite, como foi, ninguém pergunta,
Ninguém se preocupa e nem dá atenção
Será que teve sonhos, com caminhos risonhos
Com fartura de pão?
Como outrora sentia, no abrigo aconchegante
Sem fome, sem frio, o dono de tudo,
Assim alojado junto ao coração? O príncipe talvez desejado,
Ou até esperado com toda atenção.
Sonhos, quimeras, a noite passou e vem o acordar
E tudo continua em seu mesmo lugar,
A dor o desconforto, o físico cansado
A fome e o frio voltam a rodear.
Até quando meu Deus! Nutrir a esperança de vida,
De infância e adolescência real?
Observando a vida, vendo gente querida,
Forte, nutrida, calçada e vestida, tendo um lar para voltar.
Não desanime, menino carente,
Sempre haverá um novo porvir
Continue seus sonhos de ser como gente
Pois esse ideal você pode seguir.
Um dia, um basta entoará, e nova aurora vai anunciar,
Tempos de fraternidade ao alvorecer
Então a humanidade compreenderá
As em aventuranças que não deveria esquecer.
(*) Da Cidade de Assis-SP. Aposentado da Ceagesp. Faz parte da Antologia Talentos da Maior Idade/Litteris Editora/Rio/2002.
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