M E N S A G E M DE N A T A L
m. s. cardoso xavier
Não obstante os pesadelos
irrealizados sonhos
choques em cada entreposto
os atropelos da comunicação
tenho muito a agradecer
A palavra cheia de bondade
a intenção estimulante
amigos, o perfume, o bálsamo da vida
nos acolhe, vivifica
alivia-nos os temores... lidas
A simpatia itinerante, espontânea
de transeuntes anônimos
pedintes das calçadas
a coragem de se expor, de lutar
dizer sim e dizer não
o prêmio da própria vida
a auto- beleza brotada, sentida
Despertar noutrem a verdade, a justiça
tantos na ignorância, cegos
o bem à todos derramar
as rosas e flores multicores
sem par, enigmáticas
aromas que suavizam
impenetrável alameda ou riacho
irregular da vida
Agradeço o sorriso, o olhar compadecido
de quem sentiu o padecer, o chorar
o aperto de mão caloroso
o afeto invisível
o arrependimento ou tardio perdão
inalcançável bem oculto de alguém
que nos sentiu , não raro
viu com o coração
Agradeço o abraço alado, fugidio
antes de ser dado
o beijo idealizado, nunca dado
tanto, tudo e a todos ternamente
sem por vezes timidamente
refletir, manifestar
negligencias, ensimesmamentos
do dia a dia grosseiro, pragmático
que fere o lirismo, apaga os sonhos
Todo bem que fizermos inda é pouco
ele retorna, brota de novo
de qualquer um, de qualquer lugar
Tenho a agradecer
a saúde, o teto, a guarida
que a tantos falta
no cotidiano, o pão, a dormida
o trabalho com o suor do rosto
palavra divina, digno pressuposto
Agradeço meus sentidos
corpo e membros perfeitos
energia interior
cabeça e coração endeusados
uma esperança acalentada
um dom divino eleita
quiçá à uma missão
a despeito duma vida
abalada, sempre em recomeço
desconexo samba dos dias
ou balada dos momentos
sonhos inacessíveis de mulher
Paira leve esperança
devolve-me um sorriso de criança
um olhar úmido, lacrimejante
raras emoções
Nos enternece, nos aquece
reverbera ainda uma mulher
sensível , forte e frágil ao mesmo tempo
arrepia-me uma fé inabalável
mistérios amplos da vida
Na realidade da força inesgotável
da energia material
do lado altruístico, transformador
do magnético impenetrável ser
força abismal insana
a escalar altas montanhas
transpor o sideral
singrar o infinito oceano
ciência e humanismo enlaçados
nova vida à terráquea raça humana
Agradeço o transpirar selvagem da natureza
o cheiro da terra, da chuva
o fruto maduro caindo ao chão
filtrando a poluição adulterada do mundo
tornando-nos mais puros, enraizados à terra
livre de hipocrisias viciadas sociais
Contemplação fruição de palpitante magnificência
nos dilata... miragem do azul infinito
o verde oceano
nos devolve momentânea paz
contraste infame... tantas trevas
tanta obscuridade humana
ignorância, maldades
Natal... interregno... desejada solidariedade
esqueçamos o feio, o ódio
e outros sentimentos mesquinhos
a competição fugaz
nada é de ninguém
o mundo é de todos
Nesta festa de luz
mágicas forças somadas
uma prece à felicidade humana
amenizemos nossos desenganos
jorremos o que há de bom em nós
só Amor, tão esquecido entre os homens
pregado por Jesus há tantos séculos atrás
Agradeço finalmente, espiritualmente
ainda poder viajar
vôos ao belo, transcendental , ao infinito
muitas vezes sem eco
escrever, externar estados d’alma tão sentidos
momentos de recolhimento
no encanto do silêncio da noite adentro
só na multidão
Não é distância, não é orgulho
retraimento, inadequação, falta de afeto
nunca superestimo-me, me escondo
deste mundo cão
implodo alegrias, sem atmosfera, sem tempo
contratempos
mas a todos compreendo,
odiar, nunca
Jogo flores chorando ou rindo
um abraço fraterno em todos
amigos preciosos
até aos inimigos ocultos
estendo a bandeira branca
Orar... libertar... embelezar...
ter a felicidade de sonhar
Natal... Natal... Natal...
sinos, badalações de fim de ano
“por quem os sinos dobram”?
uníssonos numa só ação
de múltiplo pensamento
mais concretude, mais amplidão
curar os fungos de egoísmo e maldade
alcançar superior Humanidade
Natal, Jesus, Infinito...
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