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Cartas-->O MUNDO MÁGICO DA TROVA - No. 03 -- 20/06/2001 - 04:50 (J. B. Xavier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O MUNDO MÁGICO DA TROVA

VAMOS COMPOR TROVAS?
Por J.B.Xavier



Chegamos finalmente às questões técnicas envolvendo a Trova. Este é um assunto delicado, porque demanda atenção aos recursos da língua portuguesa, e, ao mesmo tempo obediência às regras estabelecidas pela U.B.T. – União Brasileira dos Trovadores, condição “sine qua non” para participar de concursos pelo Brasil afora. Sobre a mecânica desses concursos, que também possuem regras rígidas de participação, falaremos num futuro próximo. Antes disso, porém, precisamos primeiro aprender a fazer trovas.
Desta edição em diante, estaremos tratando da construção propriamente dita, da trova e ficará claro porque são poucos os que se destacam nesse gênero: É que para fazer poesias, basta o uso da emoção. Para fazer trovas, é necessário que Razão e Emoção estejam presentes.
Para tratar desse assunto, trouxemos um expert: Antonio de Oliveira, da UBT-Rio Claro, SP, que por sua vez se fez assessorar por um dos maiores trovadores brasileiros do gênero humorístico, Sérgio Ferreira da Silva, da UBT-São Paulo, SP, que é também o nosso homenageado desta edição.
Para os iniciados, vale como revisão, para os neófitos, abre-se a partir de agora, o mundo maravilhoso da trova!

A TROVA - COMENTÁRIOS BÁSICOS

por: Antonio de Oliveira UBT- RIO CLARO/SP
Revisão e adaptações para internet: Sérgio Ferreira da Silva - UBT - SÃO PAULO/SP

Você sabe o que é TROVA ?
Vejamos um exemplo:

Para dar cor aos matizes
da mais bela floração,
humildemente, as raízes
vivem ocultas no chão !

(Cipriano Ferreira Gomes)


A maioria do concursos de Trova, no Brasil, utiliza em seus regulamentos a seguinte definição:

“ENTENDE-SE POR TROVA A COMPOSIÇÃO POÉTICA DE QUATRO VERSOS SETESSÍLABOS, RIMANDO O PRIMEIRO COM O TERCEIRO E O SEGUNDO COM O QUARTO E TENDO SENTIDO COMPLETO.”

Por esta definição, vemos que a Trova é um gênero poético desafiador, por três motivos básicos:

1.O Trovador deve conhecer o conceito de Métrica, para compor os quatro versos de sete sílabas;

2.O Trovador deve dominar a arte da Rima; e

3.O Trovador deve possuir um grande poder de síntese e de criatividade, para expressar uma idéia completa em apenas quatro versos.


De maneira simplificada, vamos tentar tratar separadamente destes três aspectos.


1.MÉTRICA


Muito cedo, aprendemos a separar as sílabas das palavras. De maneira parecida, a Métrica se baseia na separação das “sílabas”, ou SONS, de um verso. As suas diferenças essenciais são as seguintes:

a)as sílabas de um verso são contadas apenas até a sua última sílaba tônica;

b)juntamos em uma só sílaba poética, a última sílaba de uma palavra e a primeira sílaba da palavra seguinte, quando houver encontro de vogais que possibilite tal junção (elisão).


Vamos usar uma Trova para exemplificar a contagem:


Brigamos... triste ironia,
em meio às fotos rasgadas,
um pedacinho insistia
em nos mostrar de mãos dadas...

(Heribaldo Gerbasi)

Separando as sílabas tônicas, contamos:

1 2 3 4 5 6 7
BRI GA MOS... TRIS TEI RO NI A*
EM MEI O ÀS FO TOS RAS GA DAS*
UM PE DA CI NHO IN SIS TI A*
EM NOS MOS TRAR DE MÃOS DA DAS*

* conta-se, apenas, até a sétima sílaba tônica.

Observe que:

1.no final de cada verso, vemos que a contagem considera a sétima sílaba como sendo a sílaba tônica, acrescida da sílaba (ou sílabas) subseqüente (s); e

2.nos três primeiros versos, temos exemplos de encontro de vogais átonas, as quais se juntam em uma só sílaba tônica (ou métrica).


Há encontros vocálicos mais complexos, onde existe uma vogal átona e outra tônica, ou mesmo duas vogais átonas e uma tônica, etc. Nos casos onde a palavra subseqüente começa com “H”, considera-se como se fosse iniciada por vogal...

Em suma, é necessário aprofundar-se no estudo da métrica... Porém, podemos rapidamente dominá-la com a prática e com o auxílio de poetas mais experientes.


Vejamos um outro exemplo:

Este é o Homem, ser aflito
que ao longo da História, a esmo,
busca encontrar o Infinito,
mas não encontra a si mesmo !

(Antonio de Oliveira)


1 2 3 4 5 6 7
ES TE É O HO MEM, SER A FLITO
QUEAO LON GO DA HIS TÓRIA A ESMO
BUS CAEN CON TRAR OIN FI NITO
MAS NÃO EN COM TRAA SI MESMO


Observe:

1.no primeiro verso, “te” - átono - emenda (elide) com “é” - tônico -, que, por sua vez, elide com “o” - átono -, formando um TRITONGO. Porém, “Ho” - tônico -, separa-se (não elide) com o tritongo anterior.

2.analogamente, no segundo verso, “ria” - átono - elide com “a” - átono -, formando, também, um tritongo, o qual não elide com “esmo” - tônico.

3.no terceiro verso, “ca” - átono -, elide com “en” tônico; e,

no quarto verso, temos o exemplo de dois tônicos separados: “não” - tônico - não elide com “en” tônico, também !


* * *

Na próxima edição falaremos de “RIMAS” e “GÊNEROS”, suas nuances e formas.

Fiquem a gora com a genialidade, o lirismo e o humor de Sérgio Ferreira da Silva, da UBT-São Paulo, SP que nos mostra toda a sua ecleticidade ao transitar com desenvoltura pelos vários gêneros da trova.


Na rede a freira medita,
mas outra lhe diz, do leito:
“Durma com Deus, Benedita !
“É o jeito, querida, é o jeito...”

Quando a Morte, então, chegou
trazendo o eterno conforto,
o preguiçoso exclamou :
“Passa amanhã, que eu tô morto !”

Domingão tradicional...
e eu num canto, desolado,
lembro que Adão foi o “tal”,
sem sogro, sogra, ou cunhado !

Por ser humana, a inconstância
induz ao erro e ao rancor,
tornando curta a distância
entre o réu e o julgador !

Nossas crianças carentes
devem ser salvas agora :
não haverá mais poentes,
se nós matarmos... a aurora !

Creio, bem mais, na atitude,
do que na fé desmedida :
de nada vale a virtude
que não faz parte da vida !

Nos mais difíceis momentos,
tuas virtudes revelas :
quando o barco enfrenta os ventos,
mostra a beleza das velas !

O luar, sobre a favela,
certa nobreza resgata,
quando, de forma singela,
tinge os casebres de prata !

A humanidade se ilude
quanto à justiça que faz:
prega, na cruz, a virtude;
e liberta Barrabás !

Transformei meus descaminhos
em fortunas grandiosas...
Quem não navega entre espinhos,
não encontra o Mar de Rosas !

Em minha infância, eu fazia
meu sonho ser tão real,
que uma fazenda cabia
no fundo do meu quintal !

Em teu adeus, o “cansaço”
foi o motivo do fim...
Dize-me, agora, o que eu faço
deste cansaço... de mim ?!?

* * *
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