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Contos-->HISTÓRIAS DO ZÉCA TIRA 2 - As Pinga -- 18/02/2004 - 14:43 (ADELMARIO SAMPAIO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
As Pinga

[Como Zéca Tira conta a história da bebedeira por conta da paixão repentina que teve na festa na casa dos Pinto]

Cê num me digui quesse aranzel arrepete o queu falo co num querdito!... Cuma é quiço chama? Cuma? Ahn, bão!... Oceis do cumerço tem essa moda de proseá tud inrrolado pareceno as lingua do instragero.
Pro falá nisso, pro mal pregunta, o dotô num é desses lado do instrangero não? Qua fia falô que nos instrangero, é cos home fala tudo ingringolado memo.
Cachaça? Es’té da boa. O cumpade Bulico que feis esse trem danado de bão sem artura. Inté eu alembro cun dia eu tava nu a tristura daninha, e quis desatá as maga na danada, e foi aí co mundo virô d’avesso memo. Sacudi um golo na guela, e só perei a bicha sentá nos bucho, e sacudí ota, cas fumaça baraiô os óio, e nem deixei a bicha sentá, e já fui dano ota golada, condefé, tava rivirano os óio pos pau do teiado.
Era maga de muié. U a contraredade co tive conde cunhici a danada da muié. Iss a muntemp atráis. Tem anté u’a moda qui nóis cantô munto adispois des’tempe qui a leta diz ansim:

foi na festa do São Juão
quela m’apareceu
os cabelo era só frô
vi que oiava pa eu
meu coração pulava
vô contá que assuceceu

intonce fisso qui num vi
constinuei minha moda
ela toda si bunita
dançava as minha roda
pensamento em ribuliço
meu peito num acomoda

o coração disparô
conde ela oiô bem pa eu
e feis um jeito de quem
quiria falá mais eu
paricia memo encanto
de ela oiá só pa eu

é nessas hora co home
que seje mais perparado
pro mais qui tenha responsa
dexa os ofiço dos lado
a felicidade na porta
intrega aos seus oiado

fechei intonce sanfona
botei a bicha no chão
paricia qui todos via
o disparo do coração
paricia queu avuava
eu cunheceno a paxão

disafastei do lurgá
o baule já tinha parado
e caminhei pa Maria
qu’inté hoje tô dos lado
qui seno a merma muié
tem eu todo paxonado

ela dixe qui me ama
eu num perciso falá
amô é coisa bunita
qui fais os home calá
drento do peito eu grito
o amô bunito qui há


A danada paricia u a égua dessa facera memo, cos quarto balangandano, cas anca chamano pecado, cos óio inconvidano as poca vergonha, e (so sô me primite), a boca inté quereno dizê o safadage pa gente.
Cunhici ela na festança mutirão da casa dos Pinto, e a danada oiô preu quinem onç acuada, ieu fisso qui num vi ma vi loguin, queu tava fisgado quinem pacú cum linha braba. Um trem bateu lingero no peito, cos povo disqu é coração, ma queu num sei que qui é.
Nes temp eu era um home dos meu pocos ano, domadô de burro brabo, muntadô de marruá, laçadô de arribada, e tocava a safoninha sintida nos bal das fazenda do Arto Fundão. Intão inconvidaro nóis pa nimá u a festança na casa do Tião Mané Pinto, quera pa juntá pessoar po mutirão. Num foi sem tempe que nóis foi ca traia toda e ca nimação dos jove.
Trabaiado dia, jantá costela de boi cum quibebe, u as cachaça, e cumeça o relabucho. Cuma eu só memo tava pa tocá, bracei a chorosa, puxei pa lá puxei pa cá, e a bicha chorô, qui chorô sintida. Os povo s animô, e sen sperá, o terrero tava pinhado, cá puera levantava, tanto os pé rastá pos chão.
Comeu levava isvantage proquê num pudia relá bucho, nem oiava a festança, e só cuidava dobrigação.
(Ma u a cachaça, dotô?... Cumpade Bulico... Inda cont istora dele procê... Ê cumpanherão queu gosto... Besterento, qui só...)
Ma nessa deu tocá cos óio fechano, foi qui num pisco, e num pisquin memo, eu vi aquela formosura relampiano cuma visage nos meu zói. Té mainei qui era memo u a sombração de tão merma qui tinha. Fechei o zóio pa num tê que dá trela pressa tentação dos diabo, ma num tinha mai quem dava conta de fecha os danado dos óio. A danada da trenha passava pa lá e pa cá balangandan as anca, incunvidano os santo po pecado. Garrei cum Nossa Sinhora e rezava memo cum frevô pra num mingrassá cumas tentação daquela, proque um trem desse, deva de tê dono, quisso né coisa que se anda dispirdido praí.
Ma nos poco tempo quela rabiô os óio ne mim u as meia duza de veis, já mudei o pressiado, e garrei com são Jesuis, quera prele me dá um trem bão desse, queu num já sabia vevê sem essa tentação nem era mais dos inferno, e era anjin dos paraiso.
(Dex’ô tumá mais um golo qué pra tê mais sustança pra triminá essas parte. Tamém qué mai cachaça?...)
Resumino a istora, fiquei memo sabeno qua danada tava de casoro marcado cum desse home qui anigucia cos gado lá nos cumerço. E disque o norvo era valente, qui num dexavela nem oiá pras banda, e qui capava nos trint’oito quem singrassesse pos lado da desdita.
Bão. Cuma sô ome respeitadô, presevadô das graça aieia, desencantadô dos meu incanto, arresorvi qui num alembava mai da danada. Ma o trem num saía dos meu pensamento, e foi nesse dia queu vi os pau do teiado ino e vortano, pareceno quia caí ni mim...

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Adelmario Sampaio

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