Tive um aumento no meu salário (Pausa... Um longo suspiro...). Não consigo acreditar, mas o aumento veio graças ao dissídio do ano. Até que saiu cedo e ainda veio com um generoso reajuste de 7%. Isso mesmo, sete por cento! Nem acredito. Não pensem que estou exagerando, mas é que no ano passado foram apenas 5%, e a diferença de 2% é motivo de muita comemoração. Não é mesmo?
Pena que pobre comemora por pouco tempo, pois quando cheguei em casa, tive a ingrata notícia do aumento da gasolina. Consideráveis 15%. Nos meus cálculos, uma diferença de 8% a mais que o reajuste do meu salário. Assim não dá, mesmo com meu carro sendo um modelo económico, fica difícil para mim. Pensei em troca-lo, quem sabe por um a álcool? Bah!! Nem te conto que o álcool AUMENTOU desde agosto 125%. Por extenso: Cento e vinte e cinco por cento. Só no último mês, o AUMENTO foi de 30%. Ou seja, se eu trocar meu carro por um a álcool, terei um PREJUíZO de 118%. Quer saber? Que ações da Petrobrás, Vale do Rio Doce ou Banco do Brasil o quê. Eu vou é começar investir em estoque de álcool!
Sinceramente, depois de uma explosão de alegria pelos míseros 7% (o generoso transformou-se em míseros, vai me entender?), comecei a achar que tive uma redução salarial. O pior é que não termina por ai. Meu carro desvalorizou 0,3%, ou seja, mais prejuízo. A conta de energia elétrica vai ter um reajuste de 17,11%. O gás de cozinha aumentou 23% e as passagens aéreas 7,5%. Calculando, somando as diferenças de porcentagens, se eu vender meu carro, já perco 0,3%. Comprando um carro a álcool, somo um prejuízo de 118,3% em relação ao meu salário. Contando que uso gás de cozinha para comer e energia elétrica para não viver no escuro, a minha perca chega a 144,41%. Se por acaso eu resolver viajar, através de um pacote aéreo (difícil para as situações atuais, mas...), finalizo minhas contas com 144,91% a menos. Dá vontade de chorar, não dá?
Bem amigos, infelizmente é assim. Não é nossa culpa, nem do governo, porque a culpa é do dólar que subiu. É isso que dizem os economistas. Porém, quando o dólar cai, os preços não caem também. Por quê? Difícil entender essa matemática, mas é dessa forma que funciona.
Deixa eu parar por aqui antes que apareçam novos reajustes. Apenas considerando que todas as minhas contas são - quase - absurdas, apesar dos reajustes serem reais, o mais importante é deixar expressado o que estou sentindo. Com tantos aumentos, tantos reajustes, até parece mesmo que tenho 144,91% a menos no meu bolso. É duro! Mas é verdade. E é assim que o povo vai sofrendo... E infelizmente, calado.
Autor: Marcel Agarie
Data: 08/11/02 |